10 de mai. de 2023

Os filhos de Húrin (J.R.R. Tolkien)

 


Título: Os filhos de Húrin 
Autor: J.R.R. Tolkien 
 Editora HarperCollins, 288p 

Morgoth foi o primeiro Senhor do Escuro. Milhares de anos antes do Um anel ser destruído, os povos da Terra-media sofriam com suas terríveis maquinações. Durante uma das principais batalhas entre homens e elfos contra Morgoth, um guerreiro humano chamado Húrin é feito prisioneiro. Longe de se curvar as exigências de Morgoth e trair os elfos, Húrin devolve todas as provocações e desafios, mas acaba pagando um preço muito alto por isso: a destruição de sua própria família. Preso por um poder obscuro, ele é condenado a assistir sem poder fazer nada às péssimas escolhas e decisões tomadas por sua esposa e filhos que levam ao cumprimento da maldição de Morgoth. 

Bom, eu tenho a primeira edição desse livro em português, mas não podia deixar de comprar essa edição também. Além de ser um primor em todos os quesitos, traz também várias ilustrações lindas do Alan Lee. Essa é uma das histórias de Tolkien que sempre me causa o mesmo desespero e fascínio, não interessa quantas vezes eu leia. Os filhos de Húrin conta aquela história típica do "e se...", "mas ele chegou tão perto de não fazer isso...", "como tudo podia ser diferente...", e eu acho que essa é a graça dessa história (se você conseguir achar graça em um história que é só desgraça), porque você sabe que o destino dos personagens está traçado, mas mesmo assim percebe ou deseja que se as escolhas deles tivessem sido outras, as coisas não teriam sido tão desesperadoras. Fazia muito tempo que eu não pegava um livro de Tolkien para ler, então foi um prazer ler novamente essa história. Recomendo por óbvias razões.

12 de abr. de 2023

Jane Austen roubou meu namorado (Cora Harrison)


 

Título: Jane Austen roubou meu namorado: um diário secreto 
Autora: Cora Harrison 
Editora Rocco Jovens Leitores, 283p. 

Jenny Cooper está apaixonada pelo atraente capitão Thomas Williams e, o que é melhor, o sentimento é recíproco e verdadeiro. O único impedimento, como na maioria das vezes é, a família da jovem prima de Jane Austen. Na verdade, a família imediata (irmão, que foi nomeado seu tutor após a morte de sua mãe, e cunhada) porque os tios e a própria Jane torcem para que os dois fiquem juntos. Em meio à espera da resposta por seu irmão e da aprovação do tio de Thomas, Jane e Jenny se envolvem em várias aventuras (mais ou menos) românticas em busca de felicidade. 

Um livro fácil de ler, com nenhuma pretensão além de divertir. Eu sinceramente gosto dessas tentativas de se imaginar uma Jane Austen jovem e cheia de disposição para "juntar casais" e de se apaixonar também, já que sabemos pouco sobre os sentimentos da autora (e o que se sabe se deve as poucas correspondências que não foram destruídas após sua morte). Foi uma leitura rápida, o quase final me decepcionou, mas o fim mesmo foi o que eu esperava e torcia. Valeu cada minuto.

8 de mar. de 2023

Lições de poder (Vinicius Miranda e Rafael Soares)

 


Título: Lições de poder: o cristianismo em O senhor dos anéis 
Autores: Vinicius Miranda e Rafael Soares 
Editora 100% Cristão, 152p. 

Sinopse: Lições de Poder – Cristianismo em O Senhor dos Anéis é uma obra que responde uma das grandes dúvidas de muitos cristãos a respeito dos livros de fantasia: é possível aprender princípios bíblicos por meio deles? O que muitos leitores não sabem é a intensa relação do autor de O Senhor dos Anéis, J.R.R Tolkien (1892-1973), com a fé cristã e, por consequência, o uso de vários símbolos e elementos do cristianismo no incrível universo criado por ele, que é um dos mais influentes autores de todos os tempos. Os autores Vinicius A. Miranda e Rafael Soares, este um dos maiores especialistas em Tolkien no Brasil, percorrem essa trilha a partir de sua obra mais conhecida, que originou a trilogia mais premiada da história do cinema, O Senhor dos Anéis. Escrito para uma leitura envolvente, abrangente e cheia de surpresas para os fãs das histórias de Tolkien, os leitores serão contextualizados de como a fé cristã moldou a sua trajetória, bem como os livros que ele escreveu. Dessa forma, será possível aprender como os valores cristãos, mas também o pecado e o mal são retratados na obra de Tolkien, e as principais inspirações bíblicas que aparecem em O Senhor dos Anéis. 

Bom, a sinopse desse livro já diz o que se precisa saber sobre o tema. Tolkien era um católico fervoroso, isso qualquer fã sabe, e não são poucos os livros que abordam a questão da fé e sabedoria cristas em suas obras, mas essa foi a primeira vez que vi autores brasileiros falarem do assunto de forma tanto profunda quanto objetiva. A linguagem é leve, o livro se divide em capítulos pequenos que facilitam a leitura. Eu amei demais a diagramação do livro, as ilustrações e principalmente o capítulo sobre alegoria, que é algo que muito se discute sobre as obras de Tolkien (principalmente no que diz respeito ao Silmarillion, mas isso é conversa pra outra hora). De forma geral, esse livro foi uma boa surpresa.

20 de jan. de 2023

Jane Austen, adaptação e ironia (Genilda Azeredo)

Título: Jane Austen, adaptação e ironia: uma introdução 
Autora: Genilda Azerêdo 
Editora Manufatura, 120p. 

Sinopse: (...) a construção lenta e gradual de um estudo crítico do romance Emma e suas adaptações cinematográficas, em sua aparente singeleza, traça um painel em que várias questões relativas à obra de Austen, a aspectos teóricos cinematográficos e literários, são manejados com destreza e iluminam-se uns aos outros. Assim, além da elegância de estilo, da visão detalhista e meticulosa, da precisão de conceitos, Genilda seria dona ainda de uma outra característica, que poderia a meu ver explicar sua grande identificação com Jane Austen: uma ironia refinada, sedutora, pois percebemos por trás desse trabalho gostoso de ler, que flui como uma história bem contada, a existência de uma séria discussão aprofundada de questões fundamentais para os estudos literários e de cinema na atualidade. (Adaptado do Prefácio de Antônio João Teixeira – UEPG). 

Lá no início das minhas pesquisas sobre Austen, eu soube desse livro da Genilda. Nunca havia encontrado até dar sorte num sebo virtual. De pronto, a autora deixa claro que os textos do livro (são 7) resultam de sua pesquisa de doutorado sobre Jane Austen e as adaptações feitas para o cinema de suas obras. Um livro curto e objetivo no assunto que deseja abordar, os textos são muito bons, e mostram que a autora fez uma ótima análise sobre a questão da ironia mostrada nas adaptações dos romances.

7 de mar. de 2022

O senhor dos anéis: da ética à fantasia (Gabriele Greggersen)


 

Título: O senhor dos anéis: da ética à fantasia 
Autora: Gabriele Greggersen 
Editora Ultimato, 144p. 

Sinopse: Em O Senhor dos Anéis, nem o bem nem o mal existem como entidades abstratas. Eles são sempre praticados por alguém na vida cotidiana. O Senhor dos Anéis, então, é um “livro de ação”. Na Bíblia, igualmente, a questão do bem e do mal é preferencialmente ilustrada por histórias de vida. 
Não há na narrativa chavões moralizantes, como nos desenhos animados japoneses, que sempre terminam com a “chave de ouro” de uma fórmula pronta para consumo: “é preciso trabalhar em equipe”, “o crime não compensa”, etc. Em O Senhor dos Anéis, a moral vai se revelando por meio da ação das pessoas que vão mostrando na prática a maneira correta e a equivocada de agir. 
Tentar encontrar Deus diretamente na obra é, no mínimo, uma ofensa ao escritor, além de um abuso de sua arte. Por outro lado, nenhum autor, cristão ou não, pode negar sua visão de mundo quando escreve. Assim, erram tanto aqueles que procuram aplicações bíblicas diretas, quanto os que não vêem relação nenhuma entre O Senhor dos Anéis e a Bíblia. 
Não é por acaso, certamente, que Tolkien faz questão de frisar que todos os personagens maus já foram bons em algum momento do passado. Essa clara alusão à concepção do mal na Bíblia dificilmente poderia ser ignorada. 
Outras figuras, como Harry Potter, por exemplo, aparentemente já nasceram “boas”, ainda que incompreendidas e em condições desvantajosas, e o permanecem até o final. O oposto vale para os personagens do mal, como Voldemort, que é a única coisa que Harry diz que teme. [...] Mas isso não é um motivo para a queima dos livros da série na fogueira da inquisição. O único fogo que promovemos aqui é o do discernimento e da crítica, que, em última instância, provém de Deus, mediatizado pelo Espírito. 
Tolkien acreditava, sim, nos fenômenos ocultos, mas cria, acima deles, na intervenção divina na ordem “natural” das coisas. Ele confiava que os eleitos estão sob a proteção de Deus, o que fica muito claro nas inúmeras situações de “salvação” vividas por Frodo. 

Honestamente, eu fiquei sem saber exatamente o que pensar desse livro. Não entendi certas críticas que a autora faz a Harry Potter e a forma de escrita de JK Rowling. Às vezes pareciam críticas boas, outras, ruins. O que me chamou atenção é que a Gabriele foca não muito em uma ética em si, mas sim na tentativa de “aplicar” (por falta de palavra melhor) Deus e os ensinamentos bíblicos nas obras de Tolkien. De qualquer forma, foi uma leitura válida.