Título: O senhor dos anéis: da ética à fantasia
Autora: Gabriele Greggersen
Editora Ultimato, 144p.
Sinopse: Em O Senhor dos Anéis, nem o bem nem o mal existem como entidades abstratas. Eles são sempre praticados por alguém na vida cotidiana. O Senhor dos Anéis, então, é um “livro de ação”. Na Bíblia, igualmente, a questão do bem e do mal é preferencialmente ilustrada por histórias de vida.
Não há na narrativa chavões moralizantes, como nos desenhos animados japoneses, que sempre terminam com a “chave de ouro” de uma fórmula pronta para consumo: “é preciso trabalhar em equipe”, “o crime não compensa”, etc. Em O Senhor dos Anéis, a moral vai se revelando por meio da ação das pessoas que vão mostrando na prática a maneira correta e a equivocada de agir.
Tentar encontrar Deus diretamente na obra é, no mínimo, uma ofensa ao escritor, além de um abuso de sua arte. Por outro lado, nenhum autor, cristão ou não, pode negar sua visão de mundo quando escreve. Assim, erram tanto aqueles que procuram aplicações bíblicas diretas, quanto os que não vêem relação nenhuma entre O Senhor dos Anéis e a Bíblia.
Não é por acaso, certamente, que Tolkien faz questão de frisar que todos os personagens maus já foram bons em algum momento do passado. Essa clara alusão à concepção do mal na Bíblia dificilmente poderia ser ignorada.
Outras figuras, como Harry Potter, por exemplo, aparentemente já nasceram “boas”, ainda que incompreendidas e em condições desvantajosas, e o permanecem até o final. O oposto vale para os personagens do mal, como Voldemort, que é a única coisa que Harry diz que teme. [...] Mas isso não é um motivo para a queima dos livros da série na fogueira da inquisição. O único fogo que promovemos aqui é o do discernimento e da crítica, que, em última instância, provém de Deus, mediatizado pelo Espírito.
Tolkien acreditava, sim, nos fenômenos ocultos, mas cria, acima deles, na intervenção divina na ordem “natural” das coisas. Ele confiava que os eleitos estão sob a proteção de Deus, o que fica muito claro nas inúmeras situações de “salvação” vividas por Frodo.
Honestamente, eu fiquei sem saber exatamente o que pensar desse livro. Não entendi certas críticas que a autora faz a Harry Potter e a forma de escrita de JK Rowling. Às vezes pareciam críticas boas, outras, ruins. O que me chamou atenção é que a Gabriele foca não muito em uma ética em si, mas sim na tentativa de “aplicar” (por falta de palavra melhor) Deus e os ensinamentos bíblicos nas obras de Tolkien. De qualquer forma, foi uma leitura válida.
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