28 de dez. de 2010

Desafio Literário 2010: uma retrospectiva.


Essa é minha retrospectiva do Desafio Literário 2010. Li livros que não sabia sequer que existiam e principalmente que nunca cogitei ler. Mas não me arrependo. Esse formato eu copiei da Fernanda, do blog Coisas Minhas. A lista acima não mostra a ordem em que eu li os livros, e sim a ordem de preferência deles.

A melhor surpresa: As mentiras que os homens contam. Nunca fui chegada em literatura brasileira e portuguesa, mas esse livro é ótimo. Chorei de tanto rir enquanto lia.

A pior decepção: Não foi uma decepção, só não tinha muito o que esperar dele. O Código da Vinci.

O melhor livro: Emma, As mentiras que os homens contam e Coração de Tinta. Não dá pra escolher porque cada um tem um diferencial. Emma era o único de Jane Austen que ainda faltava ler, As mentiras que os homens contam foi muito engraçado e me aproximou um pouquinho da nossa literatura, e Coração de Tinta faz parte do gênero literário que adoro, fantasia.

O pior livro: Confissões de uma irmã de Cinderela. De todas as versões da história de Cinderela que li e vi, incluindo filmes, essa é a pior.

O livro mais difícil: Ensaio sobre a cegueira, acho que por causa da linguagem e porque, como já falei, não sou muito fã de literatura brasileira e portuguesa. Acho que aquelas leituras obrigatórias de vestibular (principalmente Amor de Perdição, oh meu Deus!) me traumatizaram.

O livro mais cute: Dewey. Livros de animais sempre mexem comigo.

O livro mais envolvente: Fala sério, mãe!. Com uma linguagem tão acessível, me fez rir muito com as trapalhadas da mãe e da filha, mesmo enquanto lembrava que quando as mesmas situações aconteceram comigo e com a minha mãe, não foram nada divertidas.

O livro mais não-fede-nem-cheira: A casa das sete mulheres. Um romance histórico, nada mais. Emociona, mas não passou disso.

O livro mais emocionante: Não “emocionante”, mas envolvente. Audácia, porque nunca tinha lido um romance de banca. Apesar de ter lido com toda a pressa do mundo pra ver se ainda tinha tempo de postar a resenha (me inscrevi no Desafio no fim de janeiro, imaginem a pressa!), gostei e a história prendeu minha atenção devido ao final, que eu queria que acontecesse, mas não imaginava que o caminho para ele seria o que foi.

Então é isso. Adorei participar e 2011 que me aguarde. Novos temas, novos livros, talvez menos tempo... Mas é isso aí. Obrigada, Vivi, por deixar que eu me inscrevesse.

Desafio Literário - Dezembro: Coração de Tinta (Cornelia Funke)



Tema: Com “Coração” no título

Mês: Dezembro

Título: Coração de Tinta

Autor(a): Cornelia Funke

Editora: Companhia das Letras

Nº de páginas: 455

Escolhi este livro porque...
Por causa do tema. Quando eu estava pesquisando os livros para montar a minha lista, fiz tudo com muita pressa, em janeiro, se não me engano, enquanto perguntava pra Vivi se ainda podia me inscrever e postar a resenha de janeiro (perguntem pra Vivi). Não sabia de nenhum outro livro sobre esse tema, já havia escutado falar sobre o filme, já tinha até visto o trailer, apesar de agora lendo, não me lembrar direito. Aí fui pegar sugestões nos blogs participantes, por isso acho que vai ter mais alguma resenha de Coração de Tinta no Desafio.

O livro é sobre...
“Há muito tempo Mo decidiu nunca mais ler um livro em voz alta. Sua filha Meggie é uma devoradora de histórias, mas apesar da insistência não consegue fazer com que o pai leia para ela na cama. Meggie jamais entendeu o motivo dessa recusa, até que um excêntrico visitante finalmente vem revelar o segredo que explica a proibição. Quando Meggie ainda era um bebê, a língua encantada de Mo trouxe à vida alguns personagens de um livro chamado "Coração de Tinta". Um deles é Capricórnio, vilão cruel e sem misericórdia, que não fez questão de voltar para dentro da história de onde tinha vindo e preferiu instalar-se numa aldeia abandonada. Desse lugar funesto, comanda uma gangue de brutamontes que espalham o terror pela região, praticando roubos e assassinatos. Capricórnio quer usar os poderes de Mo para trazer de Coração de tinta um ser ainda mais terrível e sanguinário que ele próprio. Quando seus capangas finalmente seqüestram Mo, Meggie terá de enfrentar essas criaturas bizarras e sofridas, vindas de um mundo completamente diferente do seu.”
Essa é a resenha do livro que aparece nas lojas virtuais. A minha é essa:
Mo é um encadernador e reparador de livros, viciado em leitura. Sua filha Meggie herdou a mesma paixão do pai. Quando ela descobre Dedo Empoeirado (ela não sabia quem ele era) na frente da sua casa a noite, Meggie corre pra avisar o pai do estranho que fica encarando a casa. A partir daí, a história começa. Tudo envolto em mistério, claro, já que Mo não quer que sua filha descubra a história por trás do estranho. Depois ela fica sabendo, mas só quando eles já estão presos. Voltando. Mo é avisado por Dedo Empoeirado que Capricórnio está atrás dele de novo, querendo o livro (Coração de Tinta). Eles fogem, e Meggie continua intrigada. Mo os leva para a casa de Elinor, uma bibliófila totalmente... sei lá o quê. Maluca, engraçada e outras coisas mais. É hilário ela e Meggie interagindo. Mo começa a trabalhar nos livros de Elinor, enquanto ela esconde o livro que ele traz. E Meggie cada vez mais curiosa. Dedo Empoeirado também quer pôr as mãos no livro. Capricórnio fez um acordo com ele: ele entrega ao vilão Mo e o livro e Capricórnio o manda de volta para o lugar que ele quer voltar. No livro, esclarece-se que ambos saíram da história do Coração de Tinta, e o que mais Dedo Empoeirado quer é voltar pra ela, pois não se acostumou ao nosso mundo. E é isso que Dedo Empoeirado faz. Meggie começa a odiá-lo pela traição, mas ela e Elinor seguem-no até a aldeia de Capricórnio, encontram Mo e ele conta toda a verdade para sua filha: ele leu Capricórnio, Basta e Dedo Empoeirado (quando digo “leu”, ele leu a história e eles saíram dela), e também explica o sumiço da mãe de Meggie, Teresa, que foi parar na história com os dois gatos da família em troca da vinda de Capricórnio e dos outros (quando Mo lê, alguma coisa do mundo dele vai para a história do livro que leu e alguma coisa sai dela. É uma troca. No final do livro, eu só faltei pirar com a troca feita). Por isso Mo é chamado de Língua Encantada. Eles conseguem fugir, mas Meggie e o escritor de Coração de Tinta (não é a Cornelia Funke, o livro Coração de Tinta narra um história sobre um livro com o mesmo nome, É como se o livro que li contasse a história do real livro Coração de Tinta e só tivesse levado o mesmo título para fazer alusão a ele, entenderam? Nem eu. Enfim. Mo consegue encontrá-lo e fala sobre tudo que aconteceu) são capturados. Dessa vez, é Meggie quem revela o talento de dar vida aos personagens do livro. Ela é preparada para fazer o que Capricórnio queria que seu pai fizesse: traga do livro a Sombra, o servo de Capricórnio mais cruel de todos. Torcendo ao mesmo tempo para seu pai resgatá-la e para ficar a salvo, Meggie faz o que Capricórnio quer, mas com a ajuda do escritor, modifica a história. O final? Só lendo pra saber. :)
Na metade do livro, pensei se a mãe da Meggie iria aparecer, se Dedo Empoeirado voltaria para seu mundo, qual seria o papel do escritor de Coração de Tinta na história. A primeira e a terceira questões são solucionadas, mas se Dedo Empoeirado volta... Acho que só nos livros seguintes. Aliás, no final, quando tudo parece solucionado, levanta-se mais uma questão (que eu não vou contar qual) e que eu realmente espero que seja respondida logo no Sangue de Tinta. O engraçado é que toda hora o leitor fica esperando por um clímax, sabem, aquele em que ocorre algum tipo de batalha final ou coisa assim, mas apesar do clímax existir, não sei se gostei. O final foi bom, deu margem pra continuação em outros livros, mas ainda assim... Motivos que mostram o porquê do livro ser muito legal:
1- a cada capítulo, existe uma citação de uma obra que mostra o que vai acontecer naquele capítulo. Ou seja, o livro indica muitas outras leituras. Eu vou fazer uma lista e ler, claro.
2- mostra um pouquinho do trabalho de Mo como encadernador. Como futura bibliotecária, eu adoraria trabalhar nessa área, fiz até um minicurso na feira do livro de 2009 aqui em Belém, mas se alguém hoje me perguntar alguma coisa, nem sei se vou saber responder, não lembro de quase nada.
3- quando Mo lê Ali Babá e os Quarenta Ladrões, e o tesouro aparece, é o máximo. Ficou muito legal essa cena no filme, apesar de eu só ter visto o trailer. Acho que é uma das únicas coisas fiéis ao livro, pelo trailer vi que muita coisa mudou. Mas tenho que ver o filme para opinar.
Só não gostei muito da forma como retratam Elinor. Parece muito a imagem ultrapassada do profissional da Biblioteconomia, uma mulher velha, acima do peso e que só quer saber de guardar livros. Elinor não é bibliotecária, mas a meu ver, a imagem que passam dela é aquela (totalmente errada!) que as pessoas têm até hoje da minha profissão. Acho um absurdo.
Não devo negar que voei na maionese quando me imaginei no lugar do Língua Encantada. Adivinha quem eu traria para nosso mundo? Passaram vários personagens na minha cabeça, mas o primeiro foi... Mr. Darcy. Só de imaginar isso... Também pensei em algum personagem d'O Senhor dos Anéis, mas aí já seria muito louco. Vocês conseguem imaginar Aragorn ou Legolas no nosso mundo????? Já Mr. Darcy... ai, ai... Acordando pra realidade....
Agora estou louca para ler os outros dois, Sangue de Tinta e Morte de Tinta.

A nota que dou para o livro:
5 (Ótimo)

15 de dez. de 2010

Confissões literárias

O que você está lendo? Coração de Tinta, de Cornelia Funke.

Escritor(a): Não tem como escolher só um dos dois. Jane Austen e J.R.R. Tolkien.

Um livro marcante: Orgulho e Preconceito, de Jane Austen e O Silmarillion, de J.R.R. Tolkien.

Um herói da literatura: Mr. Darcy, de Orgulho e Preconceito.

Uma heroína da literatura: Lizzie Bennet, de Orgulho e Preconceito.

Um personagem de dá vontade de esganar: Bella Swan (saga Crepúsculo).
Defeito literário imperdoável: Erros de português. Simplesmente não dá pra ler o livro.

O melhor começo: Harry Potter e a Pedra Filosofal. Um ótimo começo para uma saga infantil.

O melhor fim: O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei. A Terra-média fica livre do Senhor do Escuro, os hobbits salvam o Condado, Arwen Evenstar se casa com Aragorn Elessar. Apesar da partida dos elfos e de Gandalf para Valinor, um dos acontecimentos mais tristes do livro, o final é muito bonito.

Um título criativo: O Silmarillion. Estou estudando Tolkien e é enlouquecedor a quantidade de informação que essa única palavra contém que mostra ao leitor o enredo principal da história. Tá certo que um título tem essa finalidade, mas Tolkien aprimorou muito mais essa finalidade com os títulos de todos os seus livros.

Uma bela capa: Totalmente dividida entre a pintura de Franz Xavier Winterhalter para Orgulho e Preconceito, Emma e Razão e Sensibilidade (Jane Austen) e a capa de Alan Lee para Os Filhos de Húrin (J.R.R. Tolkien).

Uma decepção literária: Crepúsculo. Não muito toda a saga, mais o último livro. Queria um final totalmente diferente.

Uma surpresa literária: Eragon. Apesar de muita gente discordar, adoro essa série. Adoro o dragão Saphira e lamento não terem feito filmes dos outros livros, porque adoraria ver os dragões Thor e Glader.

Autor (a) que a maioria ama, menos você: Stephenie Meyer. Achava ela legal até o último livro.

Ler é: adquirir conhecimento, dar asas à imaginação.

Recomende um blog sobre livros e leituras: Lost in Chick Lit. Adoro! As meninas fazem resenhas, fornecem sugestões e fazem sorteios.

13 de dez. de 2010

Encontro Nacional Jane Austen


A Adriana, do Jane Austen Sociedade do Brasil, anunciou que o encontro de Natal será feito junto as comemorações dos 235 anos de nascimento de Jane Austen. E o melhor de tudo, esse encontro será nacional!!!!! A data do encontro aqui na região Norte ainda está para ser definida, inclusive o local. Mas eu realmente espero que seja em Belém!
O de Belo Horizonte e Porto Alegre aconteceu sábado agora, dia 11. No sábado dia 18, será a vez do Rio de Janeiro e São Paulo. Quem quiser entrar em contato com a Adriana, pode ser por email: adriana@jasbra.com.br.

6 de dez. de 2010

Selo de qualidade

Bruna Tavares, do Descobrindojaneausten, me deu meu primeiro selinho. Muito obrigada, menina!


As regras são as seguintes:
1º - Dar este selo a 10 blogs;
2º - Avisar a cada blogueiro;
3º - Falar 10 coisas sobre você.

Eu dou o selo para os blogs:
1-Jane Austen Sociedade do Brasil
2-Jane Austen em Português
3-Descobrindojaneausten
4-Biblioteca Jane Austen
5-Lost in Chick-lit
6-As meninas que lêem livros
7-Quero morar em uma livraria
8-Romances: Rosas e Espinhos
9-Romances in Pink
10-O que elas estão lendo

Sobre mim:
1-Adoro filmes, livros e música
2-Sou louca por Jane Austen
3-Sou apaixonada por Tolkien e sua Terra-média
4-Sou bibliófila
5-Adoraria conhecer a Inglaterra
6-Prefiro calor ao frio
7-Gosto de praia
8-Adoro falar de moda
9-Adoro adaptações de livros para o cinema
10-Sou muito imaginativa.

16 de nov. de 2010

Desafio Literário - Novembro: Ensaio sobre a cegueira (José Saramago)


Tema: Escritores de Portugal

Mês: Novembro

Título: Ensaio sobre a cegueira

Autor(a): José Saramago

Editora: Companhia das Letras

Nº de páginas: 312

O livro é sobre...
Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas.
O Ensaio Sobre a Cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".

Eu escolhi este livro porque...
Não tem razão específica. Tinha que escolher algum livro. Saramago é um dos mais famosos escritores portugueses do mundo. Eu já tinha visto alguma coisa sobre a adaptação para o cinema.

A leitura foi...
Legal por causa das lições implícitas.
A cegueira começa num único homem, durante a sua rotina habitual. Quando está sentado no semáforo, este homem tem um ataque de cegueira, e é aí, com as pessoas que correm em seu socorro que uma cadeia sucessiva de cegueira se forma… Uma cegueira, branca, como um mar de leite e jamais conhecida, alastra-se rapidamente em forma de epidemia. O governo decide agir, e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados que irá desvendar aos poucos as características primitivas do ser humano. A força da epidemia não diminui com as atitudes tomadas pelo governo e depressa o mundo se torna cego, onde apenas uma mulher, misteriosa e secretamente manterá a sua visão, enfrentando todos os horrores que serão causados, presenciando visualmente vários sentimentos (poder, obediencia, ganância, carinho, desejo, vergonha) que se desenvolverão de várias formas.
Saramago mostra as reacções do ser humano às necessidades, à incapacidade, à impotência, ao desprezo e ao abandono e nos faz também refletir sobre a moral, costumes, ética e preconceito através dos olhos da personagem principal, a mulher do médico, que se depara ao longo da narrativa com situações inadmissíveis; mata para se preservar e aos demais, depara-se com a morte de maneiras bizarras, como cadáveres espalhados pelas ruas e incêndios; após a saída do hospício, ao entrar numa igreja, presencia um cenário em que todos os santos se encontram vendados: “se os céus não vêem, que ninguém veja”…
Segundo o próprio escritor: "Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."

A nota que dou para o livro:
5 (Ótimo)

14 de nov. de 2010

Objetos de desejo - parte 4


Antes eu já havia indicado livros sobre Austen. Agora chegou a vez de Tolkien:


Tolkien's Middle-Earth Postcard Book (JRRTolkien)

The Tolkien Family Album (John & Priscilla Tolkien)


J.R.R. Tolkien - Artist And Illustrator (Wayne Hammond, Christina Scull, JRRTolkien)


There and Back Again-In the Footsteps of J.R.R. Tolkien (Tony Lyons)


Tolkien and the Silmarils-Imagination & Myth in The Silmarillon (Randel Helms)

Tolkien's Ring (David Day)


Tolkien-The Illustrated Encyclopedia (David Day)

A Gateway to Sindarin-A Grammar of an Elvish Language from J. R. R. Tolkien's Lord of the Rings (David Salo)

A Tolkien Treasury-Stories, Poems and Illustrations Celebrating the Author and his World (Alida Becker)


Languages of Tolkien's Middle-earth (Ruth S. Noel)



Languages, Myths and History-An Introduction to the Linguistic and Literary Background of J. R. R. Tolkien's Fiction (Elizabeth Solopova)

25 de out. de 2010

Jane Austen não sabia escrever? Uma notícia chocante (ou não)

Já comentei aqui que sigo o Jane Austen Sociedade do Brasil, da Adriana. Então hoje, enquanto apagava e lia meus emails, vi a notícia da newsletter do site: Jane Austen não sabia escrever?
O que significava isso? Fui direto no post e a história é a seguinte:
Saiu na mídia mundial e brasileira a notícia de que Jane Austen era péssima em ortografia. A Adriana até disponibilizou os links de alguns sites:
Escritora Jane Austen era péssima em ortografia", diz especialista de Oxford
Jane Austen era péssima em ortografia
Escritora Jane Austen era péssima em ortografia

Essa notícia diz basicamente que, segundo Kathryn Sutherland, professora da Universidade de Oxford, a escritora desconhecia as regras gramaticais e ortográficas e que por isso suas obras eram reescritas por um revisor. Para afirmar isso, a notícia cita a pesquisa realizada por Kathryn (baseada no estudo de alguns manuscritos não publicados).

O fato é que a notícia divulgada internacionalmente desqualifica tanto Austen quanto o estudo de Kathryn. Não é por menos que o comentário da Adriana pareça agressivo. Vic Sanborn também se irritou. Estão certas, as duas.
Todo mundo sabe que a mídia informa mas também difama. Não vejo motivo pra causar tanta "sensação" essa notícia. Coisa de quem não tem o que fazer, realmente! Deixem Jane Austen e suas obras em paz! Parem de difamar autores de trabalhos acadêmicos por aí e se ocupem de notícias verídicas, e quando se dispuserem a falar de algum assunto que envolva mais de 50 anos anteriores, jornalistas, façam uma pesquisa que preste ao invés de sair espalhando qualquer coisa!

2 de out. de 2010

A unlikely heroine: Jane Austen’s Emma (Costume Chronicles) IV

Publicado no Costume Chronicles, vol. 2, 2010.
A melhor análise da nova adaptação de Emma que eu já li.

Published in Costume Chronicles, vol. 2, 2010.
The best review of the new adaptation of Emma that I have ever read.

Uma heroína improvável: Emma de Jane Austen (A unlikely heroine: Jane Austen’s Emma)
Autora (Author): Hannah Kingsley

Emma Woodhouse é uma heroína improvável. Mesmo a especulativa Jane Austen sentiu que sua personagem não seria muito apreciada pelos outros. No entanto, ela deve ter visto o valor de Emma, e o resultado de sua escrita produziu a querida novela de mesmo nome. Desde então, o livro foi transformado em mais de uma adaptação para o cinema com uma variedade de membros do elenco interessante e estilos diferentes de narrativa visual.
O que faz de Emma Woodhouse uma heroína improvável é que o livro Emma é diferente de muitas novelas de época de Jane Austen. Era comum durante os séculos XVIII e XIX que os livros retratassem heroínas como tendo um caráter de quase perfeita moral, mas Jane Austen nos apresenta aquele que é flagrantemente imperfeito. Há aqueles que estão divididos sobre se deve ou não gostar da ficcional Emma Woodhouse, como Jane Austen havia antecipado, mas apesar da forma como a autora pensou que o público pudesse ver Emma, Miss Emma Woodhouse ganhou muitos fãs e é conhecido como uma fantástica heroína literária escrita.
Aqueles familiarizados com o cânone literário de Jane Austen podem saber que seu romance A Abadia de Northanger zomba do conceito de romance gótico. Emma está de acordo com esta tendência de comédia e satiriza a idéia do que significa ser uma heroína. Uma razão pela qual o livro foi bem-sucedido satirizando heroínas é porque é assim que Emma se assemelha a nós mesmos, inclusive quando estamos no nosso pior. Jane Austen mostra que é possível resgatar alguém que mancha sua própria reputação. Nós podemos desejar que isso seja verdade de nós mesmos, e o realismo humorístico que encontramos em Emma nos dá esperança para o nosso próprio mundo, e para o que às vezes podem parecer imperfeições irreparáveis.
No clássico de Jane Austen, a autora enfatiza ao invés de disfarçar nossas faltas, e consegue retratar o lado humano de seus personagens. Este tema brilha fortemente na adaptação da BBC de 2009, que assume a forma de uma peça de quatro partes e 240 minutos de série de televisão. Ao contrário de outras versões, esta mostra os disparates da heroína, assim como sua forte, deliciosa capacidade enquanto personagem. Mais importante, ela traz a inteligência e bom humor encontrados no livro original de Jane Austen com um impulso de energia nova.
O novo filme é bonito de olhar. As cores são vibrantes, os figurinos e iluminação espetaculares, e refletem a personalidade alegre de Emma. O elenco também é bem escolhido. Romola Garai faz talvez a Emma mais convincente ainda, e Johnny Lee Miller confortável e espetacularmente preenche o papel de Mr. Knightley. O foco do filme não se torna muito as imperfeições relatáveis desconfortáveis de Emma e seus erros ridículos, nem o orgulho de Mr. Knightley, mas a comédia da vida de Emma e da situação em uma escala maior. O filme passa muito tempo olhando para a maneira que as interações de amizade entre Emma e Mr. Knightley moldam sua amizade, e como o riso é central para o relacionamento dos dois personagens. Frequentemente Emma e Knightley usam humor para chegar a um acordo nos conflitos de personalidade, bem como as suas perspectivas de mundo e das pessoas nele. Suas diferenças, influenciadas por suas origens, os anos de idade, a expectativa de vida e os papéis sociais podem causar conflitos, mas são complementares; e enquanto Emma e Mr. Knightley podem argumentar há sempre uma fundação sólida de camaradagem real na base de sua amizade. Sua cálida amizade é bem desenvolvida nessa adaptação.
Algumas das linhas do livro foram reescritas para um melhor aproveitamento da série. Os diálogos fluem com facilidade e ajudam a preencher os personagens.
Mais que um amigo, Mr. Knightley é um obstáculo necessário e divertido pra evitar que Emma fique totalmente entregue a sua própria sorte. O dom natural de Emma para a auto-humilhação através de sua correspondência com excesso de zelo, pressupostos defeituosos e completa cegueira são cuidadosamente equilibrados pela crítica fria de Mr. Knightley a educação de Emma na ausência uma forte figura parental.
Emma Woodhouse é uma das personagens mais livres de Jane Austen, sem qualquer figura familiar autoritária e sem ninguém para vigiá-la verdadeiramente, com exceção do seu pai passivo e hipocondríaco. Isto permite a Emma ser independente e capaz de agir da forma que quiser sem o mínimo de reprovação, exceto Mr. Knightley e suas críticas. O leve desencorajamento de Mr. Knightley do freqüente comportamento excêntrico de Emma serve tanto para protegê-la quanto para moldá-la em uma jovem mulher confiante e bem sucedida.
Emma e Mr. Knightley não são exemplos exclusivos de personagens com qualidades humorísticas nem no romance nem nesta adaptação em particular. As atenções obsequiosas de Mr. Elton oferecem alívio cômico e a bajulação de Frank Churchill fala claramente ao orgulho de Emma. Outros personagens como Miss Bates (uma fonte de tagarelice sem fim) e o tímido de temperamento Mr. Woodhouse contribuem para esta retratação da sociedade do século XIX através das lentes do ridículo. Esta adaptação vai superar as expectativas de muitas pessoas e faz um trabalho maravilhoso em que retrata a história de Emma como uma comédia leve e divertida cheia de familiares e amigos divertidos que chamam a atenção para nossas falhas e zombam de nosso orgulho. Para citar um amigo, Emma confunde um grande momento, mas nós a amamos do mesmo jeito.

Desafio Literário - Outubro: Dewey: um gato entre livros (Vicki Myron e Bret Witter)


Tema: Lição de vida

Mês: Outubro

Título: Dewey: um gato entre livros

Autor(a): Vicki Myron e Bret Witter

Editora: Globo

Nº de páginas: 266

O livro é sobre...
A rotina da pacata cidade de Spencer, Yowa, Estados Unidos, se transforma após Dewey, um gato, ser encontrado na Biblioteca Pública. A diretora da Biblioteca, que achou o gatinho na caixa de devolução, resolve contar a história e lança o livro, Dewey, Um Gato entre Livros. O livro escrito por Vicki Myron, com colaboração de Bret Witte é a história real de um gato que fez da biblioteca - e da cidade de Spencer- sua casa e de seus habitantes, os melhores amigos. Quando foi encontrado, Dewey, já dava sinais de sua gratidão para com aqueles que o acolheram. Mesmo com as quatro patas feridas - pelo frio, o que lhe causou seqüelas - o gato olhou cada pessoa nos olhos, ronronou e acariciou as mãos. "Era como se ele quisesse agradecer pessoalmente a todos que conhecia por salva-lhe a vida" , diz a autora e diretora da Biblioteca Pública de Spencer, no livro.A cada dia, Dewey foi sendo apresentado aos freqüentadores da Biblioteca. Até que uma matéria na primeira página do principal jornal da cidade, de 10 mil habitantes, sob o título: "Perfeito acréscimo ronronante à Biblioteca de Spencer", gerou polêmica entre a população local. Houve quem dissesse que a presença do gato era prejudicial à saúde e outros comemoraram com grande exaltação, como as crianças e os amantes de gato. Mas, com o tempo todos se renderam ao charme e carisma de Dewey. Até o menino alérgico, que preocupava a mãe, voltou e com ela: enquanto ele filmava o gato, a mãe o fotografava. Desfilando entre as prateleiras, Dewey se tornou uma celebridade e conquistou o carinho da população de Spencer. Todos têm certeza de que Dewey ama todos do seu convívio.Senhores só liam jornal quando Dewey estava sentado no colo, crianças só liam livros quando o gato estava próximo delas e, assim, a Biblioteca Pública de Spencer se tornou o ponto de encontro dos moradores. Todos queriam fazer doações para os cuidados com o gato e até o Conselho Municipal se encantou com o charme de Dewey.Segundo a autora Dewey revolucionou a vida de todos os moradores e também o progresso da cidade. " Em 1988, quando o Dewey chegou, era inverno e parecia que a nossa cidade estava triste. Mas,Mas, com o passar do tempo percebemos que a cidade se encheu de alegria e que Dewey inspirou até o progresso da cidade".

Eu escolhi este livro porque...
Foi o primeiro que vi quando procurava livros sobre o tema. Já tinha visto o filme Marley e eu, e não queria ler o livro porque já sabia qual era o fim da história. também acho que não exista outro ser criado por Deus que possa dar lições de vida tão perfeitamente como os animais. Tão irracionais, são os mais próximos de Deus.

A leitura foi...
Ótima, triste, comovente, tudo junto. Engraçado eu ler justamente esse livro, a mamãe tem 10 gatos viralatas que foram abandonados em casa ou que ela ou eu achamos na rua e levamos pra casa pra cuidar. É engraçado, porque nosso pensamento sempre era levar pra casa, cuidar e dar pra adotar. Mas com o passar do tempo, sem ninguém interessado e nós mesmas já nos apegando ao bichinho (muitas vezes aparecia quem queria, mas a mamãe não quis dar porque ainda estava tratando dele e achava que a pessoa não ia continuar com os cuidados. Nisso, os dois cachorrinhos viralatas estão em casa há 4 nos), eles acabam ficando.
Essa semana morreu um dos cachorros mais velhos da mamãe. Os bichos dela sempre morrem de cancêr, não entendo isso. E sou eu que sempre ajudo mais a mamãe a cuidar deles doentes, vou dar água e comida, vou ver porque estão chorando, carrego eles pra fora do canil quando eles estão sem forças... Chorar lendo o livro foi mais um choro porque esse cachorro dela, o Sultão, teve que ser levado às pressas e o veterinário achou melhor colocá-lo pra dormir. Eu sabia que uma hora ia acontecer, mas esperava estar em casa pra me despedir. Qual não foi minha surpresa quando na terça agora liguei pra mamãe e ela me disse que o procedimento já tinha sido feito. E eu nem tinha visto ele e falado com ele pela última vez. É horrível essa sensação. Eu queria ter estado em casa.
A gente se apega muito. Nem quero pensar quando o gato mais velho dela, Ébano (tem esse nome porque ele é todo preto, só tem uma pinta branca no pescoço, lindo), começar a envelhecer.. Na verdade, ele já tem oito anos (como o tempo passa rápido!), Dewey viveu 19 anos... Detesto essa contagem. Dewey foi um gatinho especial pra todos que o conheceram, assim como são os da mamãe pra ela. Sou bibliotecária (quase formada) então adorei que o bicho de estimação da biblioteca tenha um nome tão significativo (Dewey é o sobrenome do homem que inventou o principal código de classificação utilizado pelos bibliotecários do mundo todo. É um sistema fácil de usar, depois que a gente pratica bem). Amei a história. Chorei horrores, pensando em Dewey e sua história comovente, no Sultão, nos gatos e cachorros da mamãe que já estão se arpoximando do fim da vida, e em como as pessoas são cruéis para seus bichos e para os bichos selvagens. Odeio qulaquer tipo de maldade contra animais. Adoro baleias e felinos selvagens (tenho o livro do leão Christian, já ouviram falar dele?). Meu sonho era entrar para o Greenpeace como oceanógrafa, mas não passei no vestibular. Um dia quem sabe. Nunca é tarde para fazer uma faculdade.

A nota que eu dou para o livro:
5 (Ótimo)

The evolution of a fairy tale (Costume Chronicles) III

Publicado na mesma data que o artigo anterior, esse aborda um assunto que eu particularmente amo: contos de fadas.

Published on the same date as the previous article, that addresses a subject that I particularly love: fairy tales.

A evolução de um conto de fadas (The evolution of a fairy tale)
Autora (Author): Laura Pitts


A Bela Adormecida. Branca de Neve. A Pequena Sereia. A Bela e a Fera. Chapeuzinho Vermelho. Todos conhecem muito bem as histórias, quer seja a partir de animações da Disney ou de livros de histórias para crianças dormirem. Mas elas são tão inocentes quanto parecem? Qual é a verdadeira história por trás do conto de fadas?
Por que os contos, ditos feitos para colocar as crianças para dormir, muitas vezes ignorados como inconseqüentes, têm tanto poder para continuarem tão fortes? Sua resistência sugere que eles pré-formam uma função social importante em ajudar as crianças no desenvolvimento de comportamentos, ou, como disse Wilhelm Grimm, são - um manual de boas maneiras para as crianças.
Não há versão definitiva de qualquer conto de fadas, apesar do que contaram a você quando criança. Estes contos não começaram com a Disney, nem com os Irmãos Grimm. Cada variação desses contos ao longo da história tem uma finalidade diferente e um efeito diferente.
A tradição oral antiga do folclore dos contos de fadas foi que eles foram transmitidos ao longo de gerações através do boca a boca. Esses contos populares não eram especificamente destinados a crianças, e reflete todos os elementos da sociedade, tais como crenças, linguagem, filosofia, dança, arte, música, tradições e costumes. Estes contos cativaram o público, assim como os entretenimentos atuais, com horror, comédia, sexualidade e violência surreal e magia. Essas histórias envolvem um elemento didático, na medida em que as mensagens não foram incorporadas como um aviso nascido da necessidade de sobreviver. Na vida do início do século XVI a vida era difícil para a maioria das pessoas, especialmente quando viviam perto da natureza e da dureza da vida selvagem. As primeiras versões dos contos de fadas refletem essa batalha de sobrevivência entre a humanidade e a natureza, como exemplificado nas histórias do Chapeuzinho Vermelho, onde ela usa sua inteligência e astúcia selvagem, a fim de sobreviver.
Na França, em meados da década de 1700, a primeira forma escrita do conto de fadas, nasceu devido à popularidade da tradição oral com a aristocracia. No entanto, o horror e a sexualidade foram muito atenuados e essas histórias foram re-escritas, como veículos exploratórios úteis para as idéias que ocupam a aristocracia da época.
Um exemplo disto pode ser encontrado em A Bela e a Fera, que basicamente reflete a prática social de um casamento arranjado e funciona como um recurso terapêutico na prestação de conforto em que o monstro (maridos indesejáveis) pode ter boas qualidades. Esta versão de A Bela e a Fera reitera normas patriarcais e as expectativas sociais de subordinação feminina aos desejos masculinos.
Os irmãos Grimm "foram os primeiros a dirigir seus contos de fada (publicado ao longo do século XIX), às crianças, e destiná-las para educar, disciplinar e entretê-los. Valores cristãos foram inseridos nas histórias pela primeira vez, como a inocência infantil que substituiu a sexualidade brutal de trabalhos anteriores e papéis de gênero sendo reforçados. No entanto, a mensagem da auto-suficiência foi preservada nos contos de fadas orais, com histórias como Chapeuzinho Vermelho mantendo suas idéias terríveis e assustadoras.
Durante os últimos vinte anos, a re-contagem dos contos de fadas têm muitas vezes incluído uma heroína independente, que é feminina e tem personalidade forte, como a Belle de A Bela e a Fera e Ariel em A Pequena Sereia. Isso reflete o movimento feminista cada vez mais prevalecendo na cultura ocidental, com as mulheres do mundo real começando a afirmar sua independência e autonomia, do mesmo modo que suas contrapartes literárias. Em outras palavras, em vez de o herói salvar o dia, a heroína é esperada para salvar a si mesma.
Nos séculos XX e XXI, os contos de fadas foram recontados e reinventados em forma de animação (por exemplo, A Bela Adormecida da Disney, Cinderela e Branca de Neve e os Sete Anões), na literatura (por exemplo, o Bloody Chamber e outras histórias, de Angela Carter, Confissões de uma irmã de Cinderela, de Gregory Maguire), o movimento pós-modernista tem permitido para os gostos de auto-conhecimento sátiras, como Shrek, um enorme sucesso de bilheteria popular, o que gerou duas continuações. Estes são contos que se adaptaram com a idade, e foram moldados pela cultura em que existem, pois eles são o que a sociedade da época precisa ser, e repetidas recontagens do conto de fadas mostra o prazer que as crianças e adultos ainda encontram nessas histórias antigas.

The myth & symbolism in "The Little Mermaid" (Costume Chronicles) II

Outro artigo traduzido do webzine Costume Chronicles. Publicado no volume 6, 2009, esse artigo aborda a questão da mito que encontramos na história da pequena sereia e seu amor por um príncipe humano, história imortalizada pela Disney.

Another article translate from Costume Chronicles webzine. Published in vol. 6, 2009, this article addresses the myth that we find in the history of the little mermaid and her love for a human prince, story immortalized by Disney.

O mito e o simbolismo em A Pequena Sereia (The myth & symbolism in The Little Mermaid)
Autora (Author): Katie Slawson


Desde o início dos tempos, contos e folclore, mitologia e contos de fadas têm sido preenchidos por criaturas fantásticas e míticas, e desde o início até hoje temos contado estes contos encantados, de temíveis dragões que guardam cavernas escuras, uma Esfinge que pode deixar você viver se desvendar sua misteriosa idade, e de fadas que dançam em volta das clareiras à noite fazendo travessuras.
Mas nenhuma dessas criaturas tem encantado mais as pessoas quanto a sereia. Desde que o homem partiu pelo horizonte, ele voltou com histórias de sua beleza e a mitologia grega escreve sobre suas vozes assombradas crescendo em música, atraindo marinheiros para suas profundezas aquosas. A Odisséia de Homero conta como Ulisses amarrou a si mesmo ao mastro de seu navio para que pudesse ser capaz de ouvir sua música encantadora sem sofrer as conseqüências. No entanto, a mais lembrada, e talvez o retrato mais amado de uma sereia é de Hans Christian Anderson, A Pequena Sereia (Den Lille Havfrue em sua terra natal, em dinamarquês), que foi publicado no terceiro volume de seus Contos de Fadas para Crianças.
Na época, os contos de fadas serviam para educar as crianças sobre a moral e, normalmente, ensinava uma lição valiosa. Embora não se possa dizer que todos os contos de Anderson são completamente desprovidos de qualquer lição de moral, é verdade que os críticos na época, ocasionalmente, encontraram seu trabalho mal pensado, com várias de suas histórias mostrando um simbolismo um pouco confuso. É por esta razão que a interpretação de A Pequena Sereia confundiu os críticos durante anos. Alguns acreditam que é um conto pagão, enquanto outros vêem o simbolismo altamente religioso ser evidente. Ainda outros acreditam que a história transmite um olhar sobre as diferenças sobre as quais se apóia o amor entre homens e mulheres. Então, qual é a resposta? Existe uma resposta, ou no final é simplesmente isso – uma história sem ligações reais com o simbolismo?
É possível que a história poderia ser apenas para entreter. No entanto, deve-se notar que, mesmo que num nível inconsciente por parte de Anderson, existe uma grande dose de simbolismo cristão presente na história. A pequena sereia, caçula de seis filhas do Rei do Mar, anseia por viver na superfície. Cada sereia tem permissão para visitar a superfície ao atingir o seu décimo quinto aniversário, e como cada uma delas retorna para casa ano após ano com histórias de icebergs que brilham como diamantes e peixes que crescem em árvores, cidades cheias de atividade, crianças brincando nos córregos e o céu cheio de estrelas cintilantes, a pequena sereia anseia pela superfície mais do que nunca.
As irmãs também têm um fascínio por tudo que é humano, cada uma delas recolhe objetos caídos de destroços no mar. No entanto, à medida que cresciam, seus interesses por essas coisas diminuíam. Mas não para a pequeno sereia, que continua a passar seu tempo cuidando de seu jardim do mar e sentando sob a proteção de uma estátua de um homem que tinha ela tinha colocado lá. Há algo a ser dito sobre a determinação da jovem princesa. Sua luta e determinação, juntamente com a de suas irmãs, é semelhante ao do caminho com o qual muitos de nós amamos, esperamos e sonhamos, seja ele sobre nosso relacionamento com Deus, ou mesmo uma ambição que temos para o nosso futuro. Muitos de nós, assim como as outras princesas, superam seu amor pelo mundo humano, considerado fantasia de sua infância. A pequena princesa, no entanto, vê claramente que este mundo é o que ela quer e está determinada a nunca abandonar esse sonho.
Quando a pequena sereia faz quinze anos, ela finalmente vai para a superfície onde encontra um navio. As pessoas a bordo participando de uma festa maravilhosa e fogos de artifício iluminam o céu escuro. A pequena princesa observa o príncipe, para quem as comemorações são destinadas. Depois de assistir por algum tempo, uma tempestade se aproxima e o navio é lançado ao mar. A pequena sereia salva o príncipe, descobrindo que ele lembra muito a estátua em seu jardim. Deixando-o em segurança na praia, a pequena sereia observa em desespero quando outra mulher encontra-o e vem em seu socorro. Quando a jovem princesa pergunta a sua avó como os seres humanos morreriam se não podem se afogar em terra, a avó diz-lhe que os corpos dos seres humanos morrem, mas que suas almas vão para o céu onde vivem para sempre. Sereias têm uma vida útil de trezentos anos, mas após a sua morte viram espuma do mar. "Existe algo que eu possa fazer para ganhar uma alma imortal?" A Pequena Sereia pede, e assim começa sua verdadeira jornada. Seu sonho não é apenas se tornar humana, não apenas para se encontrar com o príncipe que ela salvou, mas ser capaz de viver eternamente no reino celestial. Sua sábia avó continua a explicar que se um ser humano amá-la o suficiente para casar com ela "[ele] daria a alma para você e manteria a dele também." Esta poderia ser uma alusão à Noiva de Cristo sendo a Igreja, e o fato de que o amor de Cristo e sua morte por nossos pecados é o que nos permitiu sermos salvos e entrarmos no céu.
A pequena sereia, determinada a obter uma alma imortal, visita uma feiticeira em busca de ajuda. A descrição de sua casa é infernal, como algo imaginado por Dante para o seu Inferno, sua casa é construída com ossos de seres humanos náufragos. Concordando em ajudar, ela dá a pequena sereia uma poção que irá transformar sua cauda em pernas, mas prometendo que “após a primeira manhã após [ele] se casar com outra, o seu coração vai quebrar, e você se tornará espuma na crista das ondas" e depois corta a língua da princesa, levando com ela a sua bela voz. Perder a voz é significativo, porque é a bela voz da sereia que atrai os marinheiros para a morte. Com ela, a pequena sereia certamente poderia usá-la para fazer o príncipe se casar com ela - sem isso, ela perdeu sua identidade e propósito como uma sereia.
Depois de tomar a poção, a cauda da sereia se transforma em duas pernas, e ela é finalmente encontrada pelo príncipe, que a adota como sua querida e amada amiga. Todos os que puseram os olhos nela ficam fascinados por sua beleza e graça. Ela dança mais perfeitamente que qualquer outra no reino, mas sua graça custa um preço ainda maior, pois cada passo que ela dá sobre a terra é como pisar em facas. Seus pés sangram muito, e ainda assim a pequena sereia ri, contente por ficar ao lado do príncipe, apesar da dor. Ainda assim, Anderson faz saber que, apesar do carinho do príncipe pela pequena sereia, "nunca entrou em sua cabeça fazê-la sua esposa:" Nesse ponto agora o simbolismo parece ter mudado, e por enquanto é a pequena sereia que assume o simbolismo de Cristo, enquanto o príncipe representa a raça humana. Então, muitas vezes estamos alheios ao que está em frente de nós: temos um Deus que perdoa os nossos pecados e nos ama incondicionalmente, e muitos de nós nunca paramos para prestar-lhe toda a atenção, ou para confiar n’Ele o suficiente para ter um relacionamento.
Quando o príncipe é convocado para visitar a princesa de um reino vizinho, na esperança de que ele goste dela o suficiente para casar, ele logo descobre que a princesa é a mesma menina que o encontrou na praia. Acreditando que esta menina tenha sido totalmente responsável por salvá-lo do naufrágio do navio, ele declara seu amor, assim como seu desejo de casar com ela. O simbolismo de Cristo continua na sereia que foi responsável por salvá-lo e não a princesa da praia. Tantas vezes nós olhamos para outras coisas na nossa vida para amar e ocupar o nosso tempo. Mas estas coisas não podem nos salvar, do mesmo modo que a menina da praia nunca salvou o príncipe. Somente Cristo, seu amor e sangue podem nos salvar – assim como o amor constante da pequena sereia que salva o príncipe do afogamento e se torna humana – seu sangue flui de seus pés a cada passo que ela dá em nome do amor.
O príncipe casa com a princesa, a quem ele acredita que deve sua vida. As irmãs da pequena sereia aparecem, com os cabelos cortados pela bruxa do mar (o cabelo é outro aspecto de renome das sereias, a beleza, e uma possível alusão religiosa para o corte de cabelo de Sansão), para contar a pequena sereia que se matar o príncipe com um punhal e deixar seu sangue escorrer em seus pés, ela volta a ser uma sereia. No entanto, quando vê seu amado adormecido pacificamente, ela é incapaz ir em frente e joga o punhal no oceano e, em seguida, se joga do navio, à espera de se tornar espuma do mar.
Quando passa um momento e ela não se sente como se estivesse morrendo, o simbolismo muda novamente outro mais confuso que é considerado por alguns críticos até mesmo ter sido adicionado como um epílogo para tornar a história mais triste. Uma voz aparece para a pequena sereia falando a ela sobre "as Filhas do Ar", que poderia ser melhor descrito como um estado purgatório. Se a pequena sereia se esforça para fazer boas ações por trezentos anos, eles serão recompensados com uma alma imortal. Assim, a pequena sereia tem viajado por três elementos: água, terra, ar. Em seguida, vem a lição final, que também parece ter sido adicionada como uma reflexão tardia. As filhas do ar podem obter uma alma em menos de trezentos anos se entrarem em uma casa e "encontrarem um bom filho, que é a alegria de seus pais e merece seu amor." Mas, se vêem "um impertinente ou uma criança má, nós derramamos lágrimas de tristeza, e para cada lágrima um dia é adicionado ao nosso tempo de provação".
É um estranho tipo de lição e, sinceramente, não faz muito sentido. No entanto, as crianças certamente entenderam a mensagem: se fossem boas, a pequena sereia obteria sua alma mais rapidamente. Apesar de sua mistura um pouco complicada e uma complexa mudança de imagens, a história foi, no entanto, amada por muitos, logo se tornando um clássico e, eventualmente, tornando-se ainda mais famosa quando ele foi transformado em filme de animação da Disney. Tão cativante é a história que uma estátua da pequena sereia reside na cidade natal de Anderson, Copenhagen. E lá fica a pequena sereia, empoleirada em cima de uma rocha, silenciosa e solitária, os olhos voltados para o mar adiante, sonhando com o dia em que ela vai obter uma alma imortal.

23 de set. de 2010

Desafio Literário - Setembro: A Casa das Sete Mulheres (Leticia Wierzchowski)


Tema: Romance Histórico

Mês: Setembro

Título: A Casa das Sete Mulheres

Autor(a): Leticia Wierzchowski

Editora: Record

Nº de páginas: 516

O livro é sobre...
a Guerra dos Farrapos - (1835-1845) e suas conseqüências maléficas sobre o destino de homens e mulheres. O líder do movimento, Bento Gonçalves da Silva, isolou as mulheres de sua família em uma estância afastada das áreas em conflito com o propósito de protegê-las. A guerra começou a se prolongar. E a vida daquelas sete mulheres confinadas na solidão do pampa começou a se transformar...

Eu escolhi este livro porque...
Não tinha mais nenhuma opção viável de romance histórico. Na verdade, eu tinha uma trilogia sobre Cleópatra, um romance histórico, mas acabei vendendo para um sebo porque tinha meio que enjoado... Mas foi bom porque eu finalmente vim ler este, eu amo essa história.

A leitura foi...
Legal porque gosto de história. E um romance histórico traz mais luz a acontecimentos que a gente às vezes não entende.
É um livro ótimo porque une dois assuntos que eu adoro: história e literatura. O romance da vida de Manuella, sobrinha de Bento Gonçalves, é tocante. Eu não consigo mais dissociar a personagem da atriz que fez a série homônima.E o Thiago Lacerda de Giuseppe Garibaldi..... Meu Deus, esse homem tem descendência italiana, não é possível como ele cai bem na pele de italiano!!! O romance dos dois começa tão puro. O pior é que eu já sabia, desde as minhas aulas de história, que ele casa com Anita, mas eu queria que ele ficasse com a Manuella. Enfim. O legal do livro é que os “capítulos” são divididos em Cadernos da Manuella. Apesar disso, não consegui identificar quem é o narrador, algumas vezes parece que é o narrador observador. Mas uma frase: Meu Garibaldi era um homem forte...” me fez pensar diferente. E no fim descobre-se que narra. A linguagem, a descrição dos acontecimentos, tudo isso faz o livro ser interessante. O fim do livro é como o fim da série, a Manuella falando sobre os acontecimentos seguintes a revolução e ao que aconteceu com sua família. E a frase final sobre a eterna “noiva de Garibaldi”... O livro é lindo. Se você gostou da série e tem na cabeça ainda todas aquelas cenas lindas com Marcus Vianna ao fundo, vai amar o livro.

A nota que eu dou para o livro:
5 (Ótimo)

22 de set. de 2010

Marie Antoniette – The politics of fashion (Costumes Chronicles) I

Faz um tempo que eu descobri o Charity's Place, um site que se dedica a discutir sobre figurinos de dramas. Eles tem uma publicação online chamada Costume Chronicles. Além de discutir sobre os figurinos, também fazem indicações de filmes e trilhas sonoras. As publicações existem desde 2009 e já estão no sétimo volume.
Eu gostei muito dos artigos e contatei Charity e ela me deu permissão para traduzir os artigos que eu mais achei interessantes e postar aqui. O primeiro deles se encontra no volume 3, Viva Le France!, sobre Maria Antonieta e a moda ditada pela rainha.

It's been a while I discovered the Charity's Place, a site dedicated to discussing costume dramas. They have an online publication called Costume Chronicles. Besides discussing the costumes, are also indications of movies and soundtracks. The publications have been around since 2009 and are already in the seventh volume.
I liked a lot of articles and contacted Charity and she gave me permission to translate the articles I found most interesting and post here. The first is in volume 3, Viva Le France!, about Marie Antoinette and fashion dictated by the queen.

Maria Antonieta - A política de moda (Marie Antoniette – The politics of fashion)
Autora (Author): Katie Slawson

Há uma cena no filme de Sophia Coppola Marie Antoinette em que vemos a jovem Dauphine da França experimentando sapatos e guinchando sobre novos estilos de cabelo e tecidos suntuosos enquanto a canção “I want candy” toca ao fundo. É evidente a natureza superficial e materialista da corte francesa e sua rainha, mas essa imagem de uma garota volúvel jovem, rindo com os amigos enquanto se afoga em champaign e bolos coloridos, é realmente justa? Marie Antonieta foi realmente tão superficial e leviana como o público na época acreditava e a história continuou a defender, ou havia algo mais pensativo atrás de suas roupas? Mais importante ainda, qual o papel que suas variadas opções desempenharam em sua eventual ruína? 
O nome de Maria Antonieta traz consigo muitas histórias diferentes. Algumas delas são verdadeiras e outras não, mas todas elas desempenharam um papel em sua morte, quando muitos desses rumores, não importa quão ultrajantes, foram usados contra ela em seu julgamento. A maioria destas histórias relacionava-se às suas escolhas diferentes de roupas e, ao mesmo tempo em que é estranho pensar que o guarda-roupa pode ser um elemento legítimo para arruinar alguém (não foi, de nenhuma maneira, a única fonte de sua queda), podemos encontrar vestígios ocultados da vida de Maria Antonieta quase logo após sua chegada na França. 
Marie Antonieta viajou oito horas por dia, durante quase um mês para chegar a França, da Áustria, com a idade de quatorze anos. Lá, ela foi despida de toda sua roupa e ritualisticamente colocada em roupas afrancesadas antes de finalmente entrar na corte da França como Dauphine. Assim, pode-se dizer que desde o início de sua vida como Dauphine, sua aparência e a escolha de roupas estaria sob controle rigoroso e desempenharia um papel vital em seus sucessos e fracassos. 
Seu casamento não começou feliz. Enquanto ela e seu marido, Louis-Auguste, estavam em termos amigáveis, Louis era extremamente tímido e mostrou pouco interesse em consumar o casamento, tornando a posição de Maria Antonieta na França precária, pois seu casamento ainda poderia ser anulado se qualquer uma das partes quisesse. Em suas cartas, sua mãe, Maria Theresa, continuamente pressionava a filha, afirmando que ela não estaria segura até se tornar realmente a Dauphine. E assim, já que não havia nenhum herdeiro a caminho e seu casamento era infeliz, Maria Antonieta fez a única coisa que podia para regular sua situação na corte: se ela não poderia ter qualquer poder, ao menos daria a impressão de ter. Apesar de muito jovem, ela tinha plena consciência da política veiculada através do vestuário e sabia muito bem o poder e o domínio que Luís XIV tinha conseguido através do uso de trajes fantásticos muitos anos antes. Por parecerem majestosas, as pessoas começaram a acreditar que era assim. Quando muitos homens entre seu parlamento estavam ameaçando a rebelião, Louis XIV apareceu diante deles em uma peça de caça e botas. Voltaire, o historiador oficial da corte, escreveria mais tarde que essa aparência diante dos homens, vestido de tal maneira e soltando um "ar de superioridade", subjugou as denúncias. 
Tomando a sugestão do grande Rei Sol, Maria Antonieta começou a usar calças masculinas de andar e montar que, não só contribuíram para afirmar seu poder, mas também lhe permitiu participar plenamente nas expedições de caça de seu marido e rei. Além disso, ela encomendou uma pintura magnífica de si mesma em seu novo traje de caça, olhando magistral sobre um cavalo durante a caça. A corte ficou escandalizada e chocada, mas seu marido e rei Louis XV achou deliciosa. Infelizmente, foi sua escolha de usar roupas masculinas que mais tarde iria levar a rumores de que a rainha era lésbica, ao que muitas vezes se referia na época como "o vice-alemão." A pequena Dauphine dificilmente poderia saber disso na época, mas anos antes de sua morte, as sementes de sua queda já estavam sendo plantadas. 
Era do conhecimento da corte de Versalhes que, aparte dar um herdeiro masculino ao trono, a rainha tinha quase nenhuma autoridade. Na verdade, geralmente era a amante do rei que tendia a ter mais poder político que a rainha, além de viver um remoto e muito mais opulento estilo de vida. Louis-Auguste, no entanto, não tinha e nunca teria uma amante em seus 22 anos de casamento com Maria Antonieta. Após a morte de seu pai e do banimento de sua amante Madame Du Barry da corte, Louis-Auguste ascendeu ao trono como Luís XVI. Mas porque não havia nenhum amante para assumir o papel habitual de tendências e festas bizarras, Maria Antonieta assumiu a tarefa de uma só vez ao assumir o papel de rainha e amante. A necessidade de manter essa fachada, ao aparecerem opulentos e poderosos agora era ainda maior, porque, como Maria Antonieta sabia, ela não era nem rainha, nem amante, porque ainda não havia produzido um herdeiro. 
A fim de continuar a dar uma aparência de autoridade, o cabelo de Maria Antonieta cresceu mais em um novo estilo conhecido como o pufe. Não só estes penteados podem servir para dominar qualquer homem na sala, ele também duplicou as declarações políticas, como o pouf à la Belle Poule, que continha uma réplica de um navio francês que ganhou uma grande vitória sobre a Grã-Bretanha na Revolução Americana. Mulheres de toda a França seguiram o exemplo, fazendo declarações com seus penteados altos. Isso provocou vários problemas, no entanto. Em primeiro lugar, imitações do look de Maria Antonieta criaram indignação, porque agora cada atriz (prostituta) e mulher de classe baixa poderiam ficar como ela. A crença no momento não era que as pessoas se parecessem com a rainha, mas sim a rainha parecer uma prostituta. O segundo problema com seu novo penteado era que, durante um tempo de colheitas pobres, o aumento dos preços, e muito pouca comida, um dos ingredientes utilizados no pó para cobrir esses poufs era farinha. As pessoas olhavam para os penteados de Maria Antonieta como se ela estivesse roubando-lhes o pão. 
O vestuário de Maria Antonieta tornou-se mais opulento ao longo dos anos e, embora seja verdade que ela ultrapassou o seu subsídio de vestuário por ano, deve-se levar em consideração que seu orçamento não havia sido ajustado pela inflação. O problema não era tanto o fato de a rainha gastar muito em roupas, mas o fato de que, para isso, ela ignorou completamente o protocolo usual da corte. Numa época em que muitos cortesãos da aristocracia não faziam muita coisa, eles disputavam o direito de simplesmente ficar em seu lugar. Estas posições eram vistas como grandes honras e só eram sempre oferecido ao mais alto ranking de pessoas dentro da corte. Maria Antonieta, no entanto, em sua busca para ser mais uma mulher a la mode em toda a França, começou a patrocinar o popular cabeleireiro Leonard, assim como um comerciante parisiense com o nome de Rose Bertin, que ajudou a incrementar os vestidos. Logo a rainha estava dependendo deles para criar seus conjuntos e, eventualmente, insistiu que a cada manhã eles deveriam apresentar-se em Versalhes para atender suas necessidades. Tal movimento era inimaginável para a corte. Pegando duas pessoas de classe baixa e elevando-as a uma posição tão alta enfureceu os que o viam como o seu direito. O fato de que a rainha estava servindo apenas para burlar as linhas de classe não era apenas considerado inadequado, mas tornaria-se perigoso. 
Finalmente, após muitos anos, Maria Antonieta teve uma filha, seguida, um par de anos mais tarde, pelo herdeiro tão esperado para o trono. Nesse momento, a rainha percebeu que sua extravagância estava causando muita raiva entre o povo. Isto, combinado ao fato de que ela era mãe e agora queria viver uma vida mais privada, casual, a fez escolher vestidos mais elegantes. Ela escolheu para usar a musselina gaulles, que não era muito diferente de uma camisa simples. Uma pintura sua vestida desta forma teve que ser retirada do Salão de Paris devido à indignação que causou. A rainha fez-se olhar como nada mais do que uma ama de leite! 
Há literalmente dezenas de exemplos de Maria Antonieta irritando as pessoas de todas as classes por suas escolhas quanto à moda, mas o ponto principal é que as pessoas prestavam atenção. A rainha queria ser o centro das atenções para afirmar uma sensação de poder e tinha feito isso. Agora todos os olhos estavam sobre ela, e não importava se ela vestia-se de uma maneira condizente com uma rainha ou uma serva, ela nunca seria capaz de agradar a todos. O problema foi que ela tentou servir a todos, mudou de tática, e acabou insultando todos. 
Quando a revolução começou a amadurecer, as escolhas quanto à moda da rainha voltaram para assombrá-la. Suas declarações políticas em seu pouf eram vistos como uma prova de que ela tinha um grande poder sobre o rei e governo e, portanto, foi responsável por grande parte das dificuldades impostas ao povo. Sua escolha de equitação artística foi vista como prova de uma vida cheia de depravação sexual, e sua opção de um vestuário casual mais tarde em seu reinado apenas ajudou a fazer as pessoas se sentirem como se fosse um deles. E se ela era de fato um deles - se os monarcas fossem realmente como as pessoas comuns - então o que impediria as classes mais baixas de derrubá-los? Suas idéias políticas formaram o circo completo e saiu pela culatra de uma forma que ela não poderia ter previsto: Maria Antonieta queria parecer como os outros, e assim ela tornou-se como eles. 
Ironicamente o bastante, se Louis XVI tivesse tido uma amante, a vida de Maria Antonieta poderia eventualmente ter sido poupada. Os ataques viciosos geralmente reservados para uma amante caiu sobre seus ombros. De qualquer jeito, não havia ninguém para assumir a culpa, somente ela, e foi tida como tendo todo o poder - mesmo se fosse apenas uma ilusão. Foi uma ilusão que ela criou aos catorze anos, mas trabalhou muito mais do que qualquer um poderia ter imaginado e custou sua própria vida.

13 de ago. de 2010

Objetos de desejo - parte 3

Eu descobri, dentre várias sequências das obras de Austen, a de Pamela Aidan, Fitzwiilliam Darcy, Gentleman (uma trilogia) e a de Rebecca Ann Collins, Pemberley Chronicles.


A primeira série, Fitzwilliam Darcy, Gentleman é composta dos livros An Assembly such as this, Duty and Desire e These three remain. Esses livros são uma continuação de Orgulho e Preconceito e o estilo da escritora é bom (já li uns pedacinhos). Na realidade, a história é a mesma do romance, mas a partir do ponto de vista de Mr. Darcy, o que torna a série bem interessante.




A outra série, Pemberley Chronicles, é composta de 10 livros: A companion volume to Jane Austen's P&P, Women of Pemberley, Netherfield Park Revisited, The Ladies of Longbourn, Mr. Darcy's Daughter, My Cousin Caroline, Postscript from Pemberley, Recollections of Rosings, A woman of influence e The Legacy of Pemberley. Essa série contêm histórias variadas, os livros não são sequenciais como os da séie anterior.


A primeira série está a venda na Livraria Cultura por um preço bom, apesar de ser importado. Já a segunda ainda não achei vendendo em canto nenhum.

Obejtos de desejo - parte 2

Continuando com a minha listinha de livros que adoraria comprar sobre Jane Austen.



A Companion to Jane Austen (Claudia L. Johnson and Clara Tuite)

Dating Mr. Darcy-The Smart Girl's Guide to Sensible Romance (Sarah Arthur)

Dear Jane Austen-A Heroine's Guide to Life and Love (Patrice Hannon)


Jane Austen miscellany (Lesley Bolton)

Jane Austen speaks to women (Edith Lank)

12 de ago. de 2010

Objetos de desejo - parte 1

Livros que eu adoraria poder comprar. No entanto, meu inglês ainda é intermediário, então não me arrisco. Além disso, a maioria deles só dá pra comprar por importação.


A truth universally acknowledged - 33 Great Writers on Why We Read Jane Austen (Susannah Carson)



A truth universally acknowledged - 33 reasons why we can't stop reading Jane Austen (Susannah Carson)

Amor e amizade (Jane Austen)

Jane Austen-An Illustrated Treasury

Fashion in the time of Jane Austen (Sarah Jane Downing)

6 de ago. de 2010

Desafio Literário - Agosto: O Código da Vinci (Dan Brown)


Tema: Romance policial

Mês: Agosto

Título: O Código da Vinci

Autor do livro: Dan Brown

Editora: Sextante

Nº de páginas: 480

O livro é sobre...
Um assassinato dentro do Louvre, em Paris, traz à tona uma sinistra conspiração para revelar um segredo que foi protegido por uma sociedade secreta desde os tempos de Jesus Cristo. Mesclando os ingredientes de uma envolvente história de suspense com informações sobre obras de arte, "O Código Da Vinci" prende o leitor da primeira à última página.

Eu escolhi este livro porque...
Todo mundo falava dele. Saiu o filme. Meu pai leu e eu morri de curiosidade. Eu li primeiro o livro normal, emprestado do meu pai. Mas comprei a edição ilustrada por causa, obviamente, das ilustrações das pinturas. Lindas.

A leitura foi...
Boa. Nunca tinha lido nada parecido, esse tipo de história onde Jesus teve um filho e tal. Na realidade, foi a primeira vez que eu também li um romance policial. Porque acima de tudo, é um romance policial. É um bom tipo de literatura, apesar de ser muito conspiratória.... Eu sou católica, mas não duvido de mais nenhum podre da Igreja Católica. Quer dizer, são as pessoas que dão a fama para a instituição (porque é isso que a Igreja é), e existem bons padres e maus padres (como os pedófilos e a coisa horrível que mancha a história da instituição, que é conhecido como a Santa Inquisição, mas de santa não teve nada), e eu não sou cega a isso. A conspiração seria até mais prazerosa, se não tivesse metido o nome de Jesus Cristo. Acho que é meio pesado dizer que ele teve um filho, cujos descendentes sobrevivem até hoje.
Mas do ponto vista artístico e histórico, o livro é visualmente fantástico. Entrar no Louvre, ver a Mona Lisa e todas aquelas obras magníficas de arte, além de aprender um pouquinho sobre simbolismo foi o máximo. Sem falar da viagem por Paris, de noite... Nossa, que paisagens. Inglaterra, Escócia, amei. Li o livro antes de ver o filme, e só imaginar já foi bom, que dirá ver tudo ao vivo... Muito legal. Gostei muito das partes explicativas sobre os templários (exceto que algumas coisas eu já sabia, lendo os livros de maçonaria do meu avô),e sinceramente amei as explicações sobre a Deusa e o Feminino. O livro é bom porque abre a sua mente para essa questão, que muita gente estuda hoje. Eu sou historiadora, então adorei isso. Adoro esses assuntos.
Enfim, o livro é bom porque envolve suspense, perseguição, coloca nosso cérebro pra funcionar (não só pra se descobrir quem é o Mestre, o que é muito complicado e eu terminei dizendo “Não acredito que é ele, como não pensei nisso antes? Eu até considerava que ele pudesse ser o Mestre, mas nunca iria imaginar...”, mas porque apesar de não ser verdade, eu me peguei olhando para o quadro da Santa Ceia na cozinha e confirmando com os meus botões que realmente parecia uma mulher ao lado de Jesus). O único motivo pelo qual não acho o livro ótimo é porque ele conta uma versão da vida de Jesus que é meio pesada de acreditar.

A nota que eu dou para o livro:
4-Bom. Pelo motivo que já falei acima.

3 de ago. de 2010

O testamento de Jane Austen

Achei essa notícia sobre o testamento de Jane Austen no Jane Austen em Português. Bem legal, porque até ler o post, não sabia que a escritora tinha deixado como herdeira e inventariante sua irmã Cassandra. A imagem é do National Archives.



Segundo a tradução feita pela Raquel, ela deixou também cinquenta libras para seu irmão Henry e para madame de Bigeon, governanta de seu irmão amiga da família. Jane Austen faleceu em 18 de julho de 1817.

6 de jul. de 2010

Sobre A Lenda de Sigurd e Gudrún e O Hobbit

Hoje recebi uma notificação da Valinor sobre uma determinada promoção que eles estão fazendo. De notícia em notícia, eu vi duas, uma que me agradou, outra que me deixou mais pé-da-vida com essa novela constante que virou a adaptação do Hobbit para o cinema.


Primeiro: a Valinor notificou sobre o lançamento do mais recente livro de Tolkien lançado. A notícia dizia que A Lenda de Sigurd e Gudrún está entre os próximos lançamentos da editora Martins Fontes.

Adorei a notícia porque eu já estava ficando louca por esse livro, e pensava até em comprá-lo em inglês, mesmo tendo consciência de que jamais conseguiria ler (meu inglês ainda é tosco).


A segunda notícia diz respeito a provável saída de Ian McKellen do Hobbit. Ou seja, ele cogita a possibilidade de não voltar para interpretar Gandalf por causa desse chove-não molha do estúdio em relação às filmagens. Logo ele, que algumas outras vezes já tinha confirmado sua presença e até que o filme iria SIM acontecer.

Ninguém merece se isso acontecer. Vai ser o maior desfalque em uma produção cinematográfica, na minha opinião. Bem pior do que quando substituíram Richard Harris para Dumbledore a partir do terceiro filme de Harry Potter. Nesse caso, foi por questão de falecimento (do Harris). Mas é cruel pensar que um livro como O Hobbit pode não ser adaptado por embromação da produção.

É esperar pra ver. E torcer.