23 de jul. de 2011

A lesson in post-modernism: Becoming Lost in Austen (Costume Chronicles - Jane Austen Especial 2)


O último artigo do segundo volume especial de Jane Austen.

The last article from the second special volume about Jane Austen.

Uma lição no pós-modernismo: Becoming Lost in Jane Austen (A lesson in post-modernism: Becoming Lost in Austen)
Autora (Author): Lydia Watson


Você não pode negar: cada vez que você pega Orgulho e Preconceito e lê as primeiras linhas, você gostaria de alguma forma poder fazer parte dessa vida. Basta imaginar uma época onde bailes ocorrem frequentemente, não faltam homens jovens e oportunidades, e você sabe não só tocar piano, mas também cantar, dançar e desenhar. O mais importante, porém, é que Mr. Darcy seria real.
Mas e se sua entrada na história não significasse que você seria Lizzy Bennet, mas ainda você e ela não fizesse parte da história? Na produção da ITV, Lost in Austen, essa idéia é examinada.
O que torna o filme tão fascinante é o quão bem as diferentes idéias da Inglaterra regencial e do século XXI são transmitidas, uma vez que uma jovem em 1800 era muito diferente de uma jovem atual. Amanda Price, a heroína que troca de lugar com Elizabeth Bennet, é a imagem da moderna jovem britânica: ela vive com o namorado e tem todas as necessidades dos dias modernos, mas ainda anseia por um Mr. Darcy vir tirá-la do chão ... pois Mr. Darcy é algo que o namorado dela claramente não é.
Quando ela é levada para o mundo dos Bennet, Amanda acredita que está sendo trocada. Ela continua tentando usar seu telefone celular e até mesmo tem um flash de Lydia em certo ponto, na esperança de que o choque de fazer uma coisa dessas fará a equipe de filmagem aparecer de repente. Mas como nada muda e os personagens continuam chocados com seu comportamento e vestuário, Amanda deve aceitar o fato de que está realmente presa na Inglaterra regencial. É claro que uma menina moderna em um mundo antiquado é obrigada a criar algumas situações interessantes, e em muitos aspectos, isso é algo que os produtores fizeram bem. Tanto quanto você pode ter lido sobre Orgulho e Preconceito e a época, quando na verdade está diante do fato de ter que viver nele, você é obrigado a cometer erros, e são esses momentos ímpares que acrescentam humor e falta de jeito na história. Durante todo o tempo, Amanda está tentando descobrir como se certificar de que cada personagem se apaixone pela pessoa certa, com diferentes sucessos.
Seu primeiro grande erro ocorre durante o baile em que Bingley e Darcy compareceram. Amanda está determinada a se certificar de que Bingley dance com Jane, mas ao invés disso acaba por tê-lo muito mais ligado a ela, o que só torna-se mais problemático quando ela o beija depois de ter bebido muito. Isto leva a uma série de erros infelizes, como Bingley continuando a perseguir Amanda, apesar de seus melhores esforços para impedi-lo. Ela finalmente vai ao extremo quando confrontada por ele quando Jane está doente em Netherfield, dizendo-lhe que ela não está interessada em homens. Isso mais tarde volta para assombrá-la quando Caroline vem atrás dela. Isso representa a fusão do passado e do presente para criar uma idéia pós-moderna: Caroline teria sido realmente lésbica e Austen teria sequer presumido tal coisa? É seguro dizer que não, ela não teria. No entanto, quando se cria algo novo com algo velho, parece ser uma tendência acrescentar algo indevidamente chocante.
Através destas interações, vemos a diferença na vida de uma mulher moderna e uma da época da Regência. Não importa o que Amanda faça, ela continua a perturbar os eventos do livro ... e se apaixona por Mr. Darcy no processo. Se a consistência é um problema, há uma coisa que Lost in Austen é capaz de fazer bem: Mr. Darcy. Talvez porque tenha havido tantas versões de Darcy, ou porque ele é tão bem definido na mente do leitor, que não deixa de impressionar. Ele é bonito, indiferente, até gentil, com todos os atributos que se esperaria dele. Não é realmente uma surpresa que, tendo sido apaixonada por ele no livro, Amanda acabaria por se apaixonar por ele na vida real, mesmo que ela saiba que supostamente ele está apaixonado por Lizzy. Mas com Lizzy ausente, Amanda não tenta pará-lo. Na verdade, Darcy vai ao ponto de propor e ela aceita ... e em uma recriação da clássica cena favorita de todos da minissérie, ela o vê saindo de um lago no jardim de Pemberley, comentando ter passado por um “estranho momento pós-moderno”.
Na verdade toda a mini-série é um momento pós-moderno, a mistura do passado e do presente, mas ainda contém a moral e as noções da época anterior, incluindo complicações que surgem quando Darcy descobre que Amanda esteve com um homem antes.
De repente, Amanda é transportada de volta para a moderna Inglaterra, onde encontra Elizabeth trabalhando como babá. Lizzy não só está adaptada em sua nova vida, cortando o cabelo curto, ela também descobriu os romances de Jane Austen! Aqui vemos outra questão colocada em contraste com o passado: e se Lizzy entrou em nosso mundo com o mesmo espírito independente retratado nos livros? Como ela reage às nossas vidas? E será que ela quer voltar, depois de ter essa independência? Lost in Austen teoriza que ela estaria muito feliz no mundo moderno para querer voltar ao que conhece. Embora ela tente, e ainda conheça Mr. Darcy, ela ainda se encontra insatisfeita com sua vida passada. Quando Amanda volta a Longbourn do futuro, ela está triste com a forma de consertar as coisas, especialmente quando percebe que Lizzy e Darcy não têm nenhum interesse um no outro. No entanto, sob os auspícios de Lady Catherine de Bourgh, tudo está situado no mundo de Austen. Bem, quase tudo. Lizzy retorna à moderna Inglaterra, sob a bênção de seu pai, e Amanda viaja para Pemberley onde Mr. Darcy aceita-a uma segunda vez.
Muitas vezes, todas nós desejamos poder entrar em nosso livro favorito, ser o nosso personagem favorito e ser tiradas do chão por um herói bonitão. Lost in Austen maravilhosamente examina a idéia com voltas e reviravoltas que deixa o espectador atordoado e satisfeito. Embora não possa ser assim para o grave purista de Austen, muitos que gostam de Austen apreciarão esta nova adaptação de um clássico favorito.

Becaming Jane: The unauthorized biography (Costume Chronicles - Jane Austen Especial 2)

Outro artigo do segundo volume especial sobre Jane Austen. Este é muito bom.

Another article from the second special volume about Jane Austen. This is really good.

Amor e Inocência: Uma biografia não autorizada (Becaming Jane: The unauthorized biography)
Autora (Author): Hannah Kingsley


O filme Amor e Inocência foi lançado em 2007 e criado em 1795. A Jane deste filme está em seus 20 anos, mal-humorada e espirituosa como se poderia esperar, mas para alguns, o filme não correspondeu às expectativas. Embora eu goste do filme por muitas razões, é compreensível que muitos fãs podem não estar tão interessados nessa versão da vida de Jane Austen. Amantes de figurinos encontram muito para se embasbacar com os vestidos suntuosos e gravatas formais de Amor e Inocência, mas também verão figurinos que são claramente da época errada. Fãs de Jane Austen pode desfrutar do espírito independente da Jane interpretada por Anne Hathaway, mas ficam estarrecidos com a tentativa de Hathaway com o sotaque britânico. A trama toda é questionável em sua apresentação como uma história da história de Jane Austen, assim como grande parte da história é fabricada em vez de ser fiel à sua vida, e há mais algumas cutucadas e momentos trêmulos que merecem apenas uma avaliação-PG (por incrível que pareça, o filme foi re-avaliado a partir da classificação PG-13 para PG). No entanto, apesar de tudo isso, há algo sobre esse filme que eu acho encantador.
Há tanto para encontrar em Amor e Incocência que imita cenas dos romances de Jane Austen, que pode ser divertido tentar procurar. Por exemplo, há um “momento Mr. Darcy”, quando Jane acidentalmente ouve Tom Lefroy comentando sobre a qualidade de sua oratória. Ele chama sua escrita de não marcante” e apenas “mais ou menos”, semelhante a Mr. Darcy falando de Elizabeth Bennet como não sendo suficientemente bonita para tentá-lo. Isso foi feito intencionalmente, como você verá se assistir os bônus do filme. Outro ângulo da situação é a idéia de que o real Tom Lefroy pode ter influenciado a redação do personagem Mr. Darcy, que é levemente aludido no filme e uma possibilidade histórica.
Embora eu deva concordar com aqueles que dizem que Amor e Inocência é mais um conto de ficção do que um baseado na verdade, é repleto de iguarias históricas da vida de Jane Austen que algum bom leitor pode reconhecer e não é totalmente uma história de ficção. É, no entanto, mais verdade do que ficção, no sentido de que ela revela temas como a dificuldade em depender de alguém por uma fonte de renda na sociedade regencial, seja homem ou mulher. É bem sabido que a maioria das mulheres deste período teve que se casar por segurança financeira, mas os homens não estavam isentos das restrições da sociedade. No filme, o talentoso James McAvoy interpreta Tom Lefroy, um estudante de direito que está confiante na dependência de seu tio. Os parentes próximos de Lefroy são pobres e dependentes de sua assistência financeira, complicando ainda mais sua situação financeira. Esta complexidade de conexões familiares e a dispersão da riqueza são fundamentais para a trama, já que detém a chave para a felicidade futura entre Jane e Tom. No entanto, surpreendentemente, ao contrário das histórias de Jane Austen, uma grande verdade de sua vida é enfatizada: Jane nunca se casou. É fácil ser pego na história de amor do filme e convenientemente esquecer esse fato, até alguém ser forçado a compreender, através de um fim trágico que parece mais amargo que doce. Ele deixa a cargo da imaginação como a ausência de um marido afetou a escrita de Jane Austen e o que sua vida teria sido se as circunstâncias tivessem sido diferentes. Se ela não tivesse sido pobre, teria sido obrigada a escrever os romances que lemos hoje? Sabe-se que uma quantidade significativa de sua correspondência com a irmã, Cassandra, foi destruida; elas poderiam ter revelado esperanças frustradas, um passado tão trágico quanto o fim de Amor e Inocência? Talvez as cartas guardem um mistério desta natureza e, portanto, tem sido o tema de alguma fan-ficiton.
O pouco de verdade a ser encontrada aqui é que Tom Lefroy foi mencionado em duas cartas da correspondência sobrevivente entre as irmãs Jane Austen e Cassandra, parte da inspiração para Amor e Inocência. Existe alguma base para esta idéia, pois o real Tom Lefroy confessou ter amado Jane Austen, mas chamou de “amor juvenil”. No entanto, no momento em que foi questionado, ele já havia sido casado com sua esposa Mary por 71 anos. Talvez ele pudesse ter descrito seus sentimentos por Jane Austen de modo diferente em outro momento em sua vida. Tom Lefroy nomeou uma de suas filhas Jane, levando alguns a sugerir que ele realmente tinha sentimentos mais profundos por ela que escolheu admitir, mas isso nunca foi comprovado.
Talvez Amor e Inocência não seja exatamente um livro fiel sobre a vida de Jane Austen, principalmente porque as personagens do filme apresentam muito menos decoro e restrição do que se poderia imaginar, mas enquanto não é “kosher” Jane, propriedade, honra e sensibilidade triunfam no fim, e no caráter sofredor de Jane deve haver algum consolo. Em algum lugar no fundo de sua “Jane Austen” há realmente uma Jane real. Ela só se mostra um pouco, bem como um encontro com a dura realidade. Os temas das expectativas de classe e gênero são fortes neste filme, mas o que corre profundamente do começo ao fim não é tanto a história como uma história divertida e um final de tirar o fôlego, resumindo o que algumas pessoas se perguntam sobre Jane Austen. Teve a sua história de vida realmente um final feliz?

Zombies, werewolves and sea monsters (Oh my!) (Costume Chronicles - Jane Austen Especial 2)


Este é o primeiro artigo de Costume Chronicles, Vol.1, 2011 - Jane Austen Special 2.

This is the first article from Costume Chronicles, Vol.1, 2011 - Jane Austen Special 2.

Zumbis, lobisomens e monstros marinhos (Minha nossa!)(Zombies, werewolves and sea monsters (Oh my!))
Autora (Author): Esther Archer


“É uma verdade universalmente reconhecida que um zumbi em posse de cérebro deve estar em busca de mais cérebros” é a frase de abertura da adaptação de Seth Graham-Smith da tradicional obra de Jane Austen Orgulho e Preconceito, agora apropriadamente chamada Orgulho e Preconceito e os Zumbis.
Devo confessar desde o início que essa e outras adaptações semelhantes não me ofendem. Na verdade eu vejo isso como algo positivo, pois trouxe “Jane Austen” de volta a conversa diária e deu novo entusiasmo na cultura sobre Austen e seus escritos. Tenho notado duas reações opostas a esta recente “reescrita” dos clássicos de Austen. Os fãs, ou ficam absolutamente horrorizados que outro autor ouse tocar a perfeição e arruiná-la completamente ou tomam como uma homenagem humorada a um clássico que todos leram ou assistiram e desfrutam da nova reviravolta na história. Este novo “monstro do gênero mash-up” abriu um mundo de literatura para aqueles que anteriormente não teriam tocado a preferência por Austen. Nesta versão, Elizabeth Bennet é uma menina briguenta que carrega uma espada, matando zumbis em seu caminho para visitar sua irmã doente em Netherfield. Minha experiência pessoal com este livro é ter visto homens pegando um “romance clássico” sem temer longas horas de leitura de uma história “para meninas”.
O aspecto do “horror” não é algo novo para o mundo de Jane Austen. Todo mês de outubro a “Derbyshire Writers' Guild” realiza um evento chamado “Jane Austen October Gothic Horror Nonsense Challenge” (JAOctGoHoNo para encurtar). Isto é onde essencialmente nasceu Jane Austen misturada ao horror gótico. Seth Graham-Smith só foi um pouco mais longe e teve sua fan-fiction publicada. Agora ele está sendo transformado em um filme, atualmente em fase de desenvolvimento. Outros romances semelhantes foram lançados no mercado: Sense & Sensibility & Sea Monsters, Emma & the werewolves, Mansfield Park & Mummies, e Mr. Darcy, Vampyre. O fenômeno também produziu uma seqüência, uma graphic novel, e um jogo íncrivel para iPhone.
Não só Jane tem sido revitalizada no aspecto de terror, mas ela também tem impactado o mundo do cinema moderno. Na série Diário de Bridget Jones, existem muitas semelhanças com Orgulho e Preconceito. Uma das mais óbvias é que o namorado de Bridget chama-se “Darcy” e também é interpretado por Colin Firth, o ator que interpretou Darcy na versão de 1995 da minissérie Orgulho e Preconceito. Outras adaptações modernas de Austen incluem Bride & Prejudice (Bollywood), Lost in Austen e Clueless (uma adaptação de Emma), todos os quais se inspirararam em seus livros e colocaram seu próprio toque no original.
Meu pessoal favorito é uma adição recente ao fenômeno de Jane Austen na cultura pop. É um falso trailer intitulado Jane Austen’s fight club. A primeira regra do clube da luta é não falar dele, no entanto, acho que estou autorizada a quebrar a regra só desta vez. No mundo dos personagens de Jane Austen, Fanny, Emma e as irmãs Dashwood foram confinados por uma sociedade que não permitia-lhes a liberdade ... até que ela chegou. Então tudo mudou - Lizzie as apresentou ao conceito de “clube de luta”, e as fez não mais parte da “boa sociedade”. Vale a pena uma visita pelo menos uma vez (ou 20 vezes, se você é como eu!).
Finalmente, a maneira de dizer se um autor realmente teve um impacto sobre a sociedade não é se eles ganharam prêmios de prestígio, nem quantas semanas eles estão na lista dos mais vendidos, mas se tiverem uma figura de ação. Sim, você leu corretamente, uma figura de ação. Seguindo os passos de Shakespeare, Charles Dickens e Oscar Wilde, Jane Austen é uma das poucas mulheres literárias a ter sua própria figura de ação. Ela ainda vem com sua própria secretária e caneta de pena! Jane Austen tinha sagacidade, então o que mais se pode pedir na área de proteção em sua figura de ação? Jane Austen faz com que todos perguntem: “Quem era Super-Homem?” Eu vejo o impacto de Jane sobre a cultura pop como algo positivo, ainda que nada possa ser melhor que o original. Enquanto Jane não está mais aqui, ela ainda está sempre a “reinventar-se”, aparecendo em ondas diferentes e de diversas formas, o que lhe permite nunca desaparecer ou ser esquecida. Haverá sempre uma geração precisando de educação sobre Austen, então sua exibição na cultura pop é uma maneira de apresentá-la a uma raça inteiramente nova de leitores.

The modernization of Jane Austen (Costume Chronicles - Jane Austen Especial 1)

Como prometi, aqui está o primeiro artigo traduzido, publicado na Costume Chronicles, Vol.6, 2010 - Jane Austen Special 1.

As I promised, here it is the first translate article published in Costume Chronicles, Vol.6, 2010 - Jane Austen Special 1.

A modernização de Jane Austen (The modernization of Jane Austen)
Autora (Author): Katie Slawson


Adaptação, algo com que o qual todos os grandes leitores e amantes do cinema já devem ter se deparado em algum momento. Cedo ou tarde, autores considerados pela sociedade como sucessos (ou pelo menos suficientemente interessantes) terão uma de suas obras adaptadas para outro meio. Na era vitoriana, obras literárias populares, tais como Jane Eyre de Charlotte Bronte e Drácula de Bram Stoker foram modificadas e apresentadas como peças de teatro. Uma vez que muitas cenas eram claramente impossíveis de serem realizadas, estas peças tomaram lugar em “salas” um pouco diferentes, preenchidas com o material original adaptado de acordo. Não há nenhuma surpresa, então, que com o advento da imagem em movimento no final do século XIX e a ascensão de Hollywood no início do século XX, os estúdios rapidamente mudassem para produzir adaptações de clássicos muito amados. Jane Austen é uma romancista tal que teve todos os seis trabalhos publicados adaptados em um grande filme ou mini-série.
A fim de compreender plenamente essas novas versões de romances clássicos como filmes, os espectadores também devem estar cientes que a adaptação não significa apenas a mudança literal necessária para transformar a palavra escrita no meio visual de um filme. Isso também significa que o trabalho em si poderia ser moldado e modificado a fim de se adaptar às condições atuais e pontos de vista da época, sejam elas sociais, políticas, éticas ou ateístas. Essencialmente, os romances não são apenas alterados a fim de fazer a transição entre página e tela, eles também são alterados para refletir melhor a cultura moderna e sensibilidades do momento. Sim, é verdade que existem adaptações de romances de Austen, como Clueless e O Diário de Bridget Jones, que são remakes literalmente modernos, sendo suas sugestões de Emma e Orgulho e Preconceito, respectivamente, mas pode-se dizer que mesmo as adaptações destinadas ao público durante o período de Austen são modernziadas de várias maneiras.
Muitos espectadores não totalmente em sintonia com o período de tempo específico que estão observando na tela podem não perceber que muitos elementos do filme em si, das roupas, opções de cores, cabelo e maquiagem até o diálogo e até mesmo uma ênfase em uma parte do roteiro sobre outro são todas escolhas feitas pelo escritor, diretor, produtor, figurinista e pela equipe de produção para ajudar a aclimatar o espectador moderno e aceitar o que eles estão vendo na tela. Às vezes, essas escolhas são feitas propositadamente, enquanto outras mudanças são feitas inconscientemente. Mas as adaptações de Jane Austen são financiáveis e pode contar que trazem uma audiência significativa. Pessoas simplesmente apresentadas a Austen podem sair do cinema com a impressão de que o que elas viram foi uma representação fiel do romance e do período de tempo em que ocorreu, quando nenhuma das numerosas adaptações podem ser consideradas totalmente fiéis ao trabalho de Austen.
Hollywood deve dar graças quando se trata de adaptações dos romances de Jane Austen. Afinal, alguns dos seus trabalhos tem muito pouco diálogo, além dos pensamentos internos dos protagonistas e, portanto, um script para mover a história deve ser elaborado ou ajustado a fim de continuar o enredo. Em outros momentos, faz sentido omitir um personagem ou combinar dois personagens devido ao tempo e funcionalidade. Certamente, janeites em todos os lugares podem gritar interiormente e protestar, mas no final do dia nenhuma adaptação de um romance pode ser descrita com precisão na tela, não só devido a tempo e razões orçamentais, mas também porque duas pessoas não tem a mesma visão do que um romance deve ser. É aí que reside o verdadeiro problema com as adaptações porque, enquanto não há uma visão do que Austen deve ser, há coisas muito reais que os filmes de Jane Austen não devem ser.
Ao longo dos anos, Hollywood tem tentado moldar sua visão do que Jane Austen escreveu com base em sua própria mentalidade ou sobre o que iria vender ingressos para o cinema. Uma pessoa que viu a primeira produção de cinema de Orgulho e Preconceito, em 1940, estrelada por Greer Garson e Laurence Olivier, viu um filme especificamente adaptado aos ideais do dia. Da mesma forma, alguém que viu a versão de 2005 com Keira Knightley e Matthew Macfadyen viu um filme que se adequava a perspectiva geral do espectador moderno e sua opinião sobre Jane Austen. Enquanto o slogan de produção de 1940 propagava: “Five grgeous beauties on a mad-cap manhunt!”, a tagline de 2005 dizia “Experience the greatest love story of all time.” Para o observador casual, isso pode passar completamente despercebido e sem contestação, no entanto, a verdadeira Janeite sabe que Austen nem escreveu uma comédia screwball, nem romance, ainda que a comédia screwball tenha sido muito popular nas bilheterias de 40, como foi Laurence Olivier, e em 2005, todos ansiavam por romance, drama e Keira Knightley. Assim, Jane Austen foi adaptada para atender às necessidades e aos desejos do público corrente. Espectadores nos anos 40 podem ter ficado com a impressão de que Jane Austen estava escrevendo comédia, enquanto os membros da audiência em 2005 ficaram com a impressão de que ela era uma grande romântica. A verdade, é claro, está em algum lugar entre ambos, pois Jane Austen escrevia sátira, algo que algumas adaptações parecem entender com menos sucesso do que outras.
O equívoco de que as histórias de Jane Austen são romances é um erro fácil de fazer para alguém não familiarizado com as obras. O início dos anos 90 viu um ressurgimento enorme das adaptações de Jane Austen e com eles a insistência de que a autora escrevia romance. Personagens em muitas das adaptações mais recentes são íntimos entre si de tal forma que nunca seriam na época de Austen, ainda que o telespectador médio de hoje seja considerado por Hollywood como demasiado impaciente para passar por um namoro longo, que envolva não muito mais do que falar sobre a família e o tempo e não termine em beijos apaixonados. Quando Hollywood obriga o espectador e dá o que ele quer ver, ela apenas promove a idéia de que Austen é romance. A versão de 1995 de Razão e Sensibilidade sofreu muito com este problema. Enquanto o maravilhoso roteiro de Emma Thompson consegue captar muito bem uma boa dose da sagacidade de Austen, muitas das cenas em que Marianne chora por Willoughby ou se joga na cama são feitas como cenas legitimamente dramáticas e não como tolas, a garota sofrendo por amor agindo dramaticamente. Enquanto no romance, o leitor pode simpatizar com o fato de que Marianne tenha sido levada e usada erroneamente por um homem, supostamente não devemos encorajar suas exibições dramáticas. Até o momento em que o filme começa a se aproximar do fim, Marianne é mostrada ao público andando na chuva e olhando, doente de amor, além das colinas para a casa de seu amado Willoughby enquanto recita poesia. É uma cena bonita, no entanto mais adequada a um romance gótico do que a uma sátira, algo que aqueles que leram Abadia de Northanger de Jane Austen podem achar altamente irônico.
Não só Austen foi adaptada para o gênero com o qual o público em geral, erroneamente, associa a ela, também a aparência geral de cada filme é atualizada de acordo com o que é o padrão de beleza de cada década. Estrelas populares são escaladas para o elenco porque se encaixam no molde do que o público vê como belo. Os penteados são quase sempre contemporâneos ou, pelo menos, uma adaptação moderna de um penteado de época, enquanto a maquiagem sempre reflete a época do público. As cinco garotas Bennet em Orgulho e Preconceito de 1940 são mostradas ostentando as sobrancelhas finas e arqueadas e o batom vermelho pesado da moda na década de 30, enquanto Orgulho e Preconceito de 1995 e Emma de 1996 favoreceram uma sobrancelha mais natural e maquiagem em tons de coral e rosa para seus personagens, com o Orgulho e Preconceito de 2005 retratando os lábios mais naturais e sombras em tons diferentes de marrom. Trajes também ecoam a época em que o filme foi feito, em vez do período em que a história supostamente acontece, mesmo que um figurinista se esforce para precisar o figurino do período. Normalmente, escolhas padrões de tecido e cores são feitas do que seriam usados em uma tentativa de ser mais amigável aos olhos de um espectador moderno, com a maioria das adaptações também optando por mostrar um pouco mais de decote do que seria considerado adequado. Joe Wright, diretor de Orgulho e Preconceito de 2005, percebeu que a linha de cintura império da época era desagradável e pediu a figurinista Jaqueline Durran para reduzi-las. A versão de 1940 foi tão longe que colocou o filme na década de 30 para que os vestidos fossem mais vibrantes e distantes na tela do que os vestidos simples em linha reta da Regência. No entanto, os vestidos ainda claramente representaram um 1930 ateísta em suas escolhas, com muitas listras diagonais e muitas das peças cortadas em viés, o que permitiu aos vestidos acentuar e se agarrar melhor as curvas da atriz. O período de 2007-2009 viu cinco de seis trabalhos publicados de Austen adaptados para a televisão, com cada um usando maquiagem e penteados modernos em sua maioria. Os trajes eram de época, mas quase todos foram reciclados de outros filmes, pois foram feitos durante o tempo em que a economia estava em apuros e os orçamentos dos filme estavam sendo bastante reduzidos.
No entanto, o visual dos personagens no filme não é a única coisa em perigo de ser modernizado pela nossa sociedade. Jane Austen também foi transformada para ser mais agradável aos olhos do espectador. Um retrato de Jane pintado por sua irmã Cassandra em 1810, quando Jane tinha 35 anos, foi refeito e refeito várias vezes ao longo dos anos. A versão vitoriana fez seus olhos muito maiores e suavizou suas feições, enquanto recentemente, quando a editora Wordsworth Editions Ltd. considerou Miss Austen muito pouco atraente para a capa de um livro sobre sua vida, criou uma versão do retrato que não somente acrescentou maquiagem, mas tirou a touca para revelar todos os seus cabelos, algo que a real Jane Austen raramente fez.
Outro elemento da adaptação que é completamente trazido para a época em que foi feita é o diálogo. Certas obras de Austen tem mais diálogo do que outras e o que existe é dito de uma forma que poderia sobressaltar um espectador moderno. Assim, o diálogo muitas vezes é modernizado, mas às vezes o roteirista vai tão longe que inventa conversas e palavras que os personagens nunca disseram e, em alguns casos, nunca teriam dito. Desde que os roteiros dos filmes devem apelar a um público amplo que não pode estar familiarizado com o modo de vida na Inglaterra regencial, muitos escritores sentem a necessidade de ter personagens comentando a situação atual. "Ele me oferece uma casa confortável e proteção. Eu tenho 27 anos de idade. Não tenho dinheiro nem perspectivas. Eu já sou um fardo para os meus pais", diz Charlotte Lucas na versão de 2005 de Orgulho e Preconceito, para o caso de que a audiência não esteja clara quanto às razões pelas quais Charlotte se casaria com alguém tão tolo quanto Mr.Collins. Em Razão e Sensiblidade de 1995, Elinor declara que "Casas passam de pai para filho, e não de pai para filha." A idéia de uma mulher casar por segurança, em vez de amor, e a dificuldade que envolve famílias bem colocadas seriam situações já totalmente compreendidas durante a época de Austen.
Infelizmente, os roteiristas não param de escrever expondo os motivos claramente, mas também vão bem longe ao inserir modernas convicções políticas ou até mesmo ao mudar um personagem completamente. Muitas das heroínas de Jane Austen no filme são retratadas com uma ligeira inclinação feminista, em falta nos originais. A versão de 1999 de Mansfield Park vai mais longe a ponto de transformar a personalidade da silenciosa e pensativa Fanny Price, em uma menina alta e barulhenta. Suas ações são mostradas sob uma ótica feminista, em vez de baseados na fé e na vontade de fazer a coisa certa. Uma breve referência à escravidão no livro torna-se um tema presente em todo o filme, com Fanny vendo um navio negreiro no oceano, enquanto Edmund a lembra que Mansfield Park existe inteiramente por causa das plantações em Antígua e, assim, devido ao comércio de escravos. Este é um exemplo de colocar crenças modernas em um filme e tentar fazer de Austen algo que ela não era. Enquanto não sabemos sua visão sobre o assunto da escravidão, sabemos que suas obras giram em torno do casamento, não da política, e além de uma referência ou duas aos soldados, raramente há qualquer alusão à política do dia.
Muitas vezes, os aspectos modernos menos visíveis das adaptações são os movimentos corporais dos personagens. A era regencial viu ambos os sexos agindo com civilidade e decoro na presença dos outros. Isto significava sentar-se em linha reta com as mãos colocadas uma sobre a outra no colo ou dar pequenos passos graciosos ao andar. Orgulho e Preconceito de 2005 tem as mais jovens das irmãs Bennet correndo e pulando em cada volta. Lizzy está propensa a colocar os pés sobre os móveis quando senta-se na presença de sua família, dobrando os joelhos sob o queixo, enquanto Mrs. Bennet pode ser vista desleixadamente em sua cadeira na mesa de jantar em mais de uma ocasião. Mansfield Park de 1999 tem Fanny e Edmund correndo pela casa gritando enquanto arremessam seus casacos um para o outro. Jim O'Hanlon, o diretor de Emma de 2009, realmente encorajou seus atores a usar uma linguagem corporal moderna, assim, Emma anda com pouca graça e é vista desleixadamente em sua escrivaninha.
Por todas estas razões, não pode haver dúvida de que qualquer adaptação do trabalho de Jane Austen poderia ser chamada de uma representação adequada da época. Certamente, algumas produções são louvadas sobre outras por serem mais precisas, mas isso simplesmente significa que as alterações feitas para o espectador eram mais sutis, e muitas vezes uma visualização feita anos depois pode ajudar a revelar o quão bem datada uma adaptação realmente foi.
O que Jane Austen acharia se visse algumas das suas obras adaptadas ao cinema? Ela ficaria horrorizada ao ver mulheres atuando com tão pouco decoro? Ela ficaria triste ao constatar que a sociedade tinha transformado suas obras satíricas em romances? Talvez ela ficasse desapontada ou talvez o cínico nela, que tão incisivamente riu dos costumes da sociedade, acharia divertida a forma como o público optou por assimilar aspectos de seu trabalho que prefere, ignorando outros. Não há nenhuma maneira de saber como Austen reagiria, mas não há dúvida de que o público continuará a afluir as adaptações de sua obra. A questão real é onde a sociedade moderna levará Jane Austen?

16 de jul. de 2011

Revista Jane Austen Portugal - Edição 5

A nova edição da Revista Jane Austen Portugal, Maio/2011, já está disponível para download. Desta vez, abordando Abadia de Northanger. Para fazer o download, só clicando na imagem.



A próxima edição será sobre Emma. Quem quiser colaborar, é só dar uma olhadinha no site.

5 de jul. de 2011

O Hobbit: An Unexpected Journey




Após vários problemas para começarem a filmar, o filme O Hobbit: An Unexpected Journey já começou a dar sinal de vida faz um tempo. E agora finalmente sairam algumas imagens dos bastidores do filme nas revistas Enternainement Week e Empire.






O site Valinor deu a notícia e disponibilizou os scans. É só dar uma olhadinha aqui para ver as fotos da EW e aqui e para dar uma olhada na matéria da Empire.

A construção do leitor em Tolkien


No dia 29 de junho, há quase uma semana atrás (eu estava pirando a essa hora), defendi meu Trabalho de Conclusão de Curso, cujo tema foi A construção do leitor em Tolkien: Um estudo a partir do Fórum Valinor.

O enfoque dado no trabalho dizia respeito às práticas de leituras dos participantes do Fórum Valinor até o momento em que começaram a ler os livros de Tolkien (especificamente O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion), descobrindo se os leitores conseguem ver essas obras como fontes de informação tanto histórica quanto literária.
Eu estava tão nervosa, mas saiu tudo bem, graças a Deus. Por unanimidade da banca, nota máxima. Terminando a faculdade com chave de ouro.

Duquesa Catherine de Cambridge parente de Jane Austen

Uma notícia que saiu em todos os sites e blogs que eu sigo e xereto: Jane Austen Brasil, Jane Austen em Português, Veja, ...
Catherine Middleton, esposa do Príncipe William e Duquesa de Cambridge, é tida como descendente de Jane Austen, acredite se quiser.
O DailyMail fornece até uma árvore genealógica para comprovar.




Verdade ou não, acho que isso é demais. Primeiro, a imprensa escrachou Catherine durante os oito-nove anos de namoro com o príncipe, sempre criticada por: fazer uma faculdade cara e nunca trabalhar no que se formou, estar sempre a disposição do namorado, viver sendo fotografada em boates e badalações, ter um emprego de fachada na empresa dos pais. Foi tachada de “waity Katie” por estar a espera do pedido de casamento e coisas (nojentas) do tipo. Depois do noivado, foi elogiada como “a brisa de ar fresco na monarquia”, tida como uma garota normal sem sangue aristocrático nas veias que poderia “fazer a diferença”, o tipo de garota que o “filho de Diana” estava destinado a escolher. Agora eles ficam buscando algum tipo de grandeza em seu passado. Fala sério.

Senhor dos Anéis X Guerra dos Tronos. Será?

Saiu uma pequena matéria no site da Revista Veja comparando O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, com o atual sucesso literário A Guerra dos Tronos, de George Martin. Melhor dizendo, a autora do artigo dá ao leitor 10 razões pelas quais o último é melhor do que a série ambientada na Terra-média.Eis a matéria:



Dez razões pelas quais 'A Guerra dos Tronos' é (muito) melhor do que 'O Senhor dos Anéis'


Não é de admirar que muitos fãs de Tolkien tenham ficado indignados. A crítica é simplismente ridícula. O que o autor da matéria faz é simplesmente expor a sua opinião (e fica claro que ELE prefere a história de Martin). Particularmente, não gostei não. Ele não é nem um pouco imparcial, o que deveria ser. São duas obras diferentes, escritas em épocas diferentes. É o tipo de comparação inútil.
Eu não li, e depois dessa não sei se ainda quero ler os livros de Martin, apesar da série da HBO estar fazendo o maior sucesso.